VOLTAR

ANTT avalia pleito da Rumo de fazer extensão na Malha Norte

Valor Econômico, Empresas, p. B2
01 de Ago de 2017

ANTT avalia pleito da Rumo de fazer extensão na Malha Norte

Fernanda Pires e Ivo Ribeiro

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) começou a avaliar um pleito apresentado pela concessionária de ferrovias Rumo para construção de uma extensão de aproximadamente 600 km de Rondonópolis até o centro do Estado do Mato Grosso. Conforme o Valor apurou, além do trecho Rondonópolis-Sorriso, uma alternativa em análise é um ramal de Rondonópolis a Lucas do Rio Verde. A definição do trajeto, contudo, não está fechada, com possibilidades de traçados ainda em estudo.
O trecho seria feito dentro do contrato de concessão da Malha Norte (antiga Ferronorte), sob administração da Rumo, e poderá, no futuro, se conectar à ferrovia Ferrogrão, projeto greenfield a ser feito entre Sinop (MT) e Miritituba (PA) e que está listado no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).
O objeto do contrato de concessão da Malha Norte prevê uma extensão - originalmente, até Santarém, no Estado do Pará. Mas o ramal nunca foi construído.
Um parecer jurídico da ANTT, contudo, apontou que a Rumo somente poderá, eventualmente, levar adiante sua proposta caso o trecho não tenha viabilidade econômica sozinho.
Se houver essa viabilidade, o governo pode pretender licitá-lo isoladamente, abrindo chances para outros investidores disputarem o negócio. A agência pediu um estudo preliminar à própria Rumo. De posse do resultado, fará uma análise de mérito para, finalmente, emitir um parecer conclusivo. Não há data para esse parecer. Preliminarmente, a Rumo trabalha com a perspectiva de iniciar essa operação por volta de 2022, com investimento na casa de R$ 7,5 bilhões.
"Todas as alternativas de traçado passam por Cuiabá e vão na direção central do Mato Grosso para atender um pleito da comunidade local, da federação das indústrias, do agronegócio e do governo do Estado", afirmou o diretor de regulação e assuntos institucionais da Rumo, Guilherme Penin, sem fornecer mais detalhes do projeto.
A Malha Norte se interliga à Malha Paulista, num corredor que deságua no porto de Santos (SP), onde a Rumo tem um complexo de terminais portuários para exportação de granéis sólidos.
Fontes e executivos do setor consideram que, se concretizado, o projeto poderia esvaziar a necessidade de construir a Ferrogrão. Mas isso não é consenso, pois a área de influência de captura de cargas não seria a mesma. Enquanto a extensão da Rumo atrairia as cargas do centro do Mato Grosso, a Ferrogrão focaria mais no eixo Norte do Estado.
Com a Ferrogrão, as tradings agrícolas buscam uma saída alternativa ao porto de Santos para embarcar as cargas da fronteira do Centro-Norte pelos portos do Norte e Nordeste - o que seria mais barato do que descer com destino ao cais santista.
O cenário da proposta da Rumo será objeto de análise no âmbito das discussões do projeto da Ferrogrão, que será colocado em audiência pública em setembro, conforme previsão do PPI.
O projeto da Ferrogrão é para uma concessão de 65 anos. Numa primeira fase, estão estimados investimentos de R$ 9 bilhões, sendo R$ 7 bilhões em obras e R$ 2 bilhões em material rodante (locomotivas e vagões). Após os primeiros 35 anos, estão previstos mais R$ 3,6 bilhões para renovação da frota.
A Ferrogrão é um negócio do consórcio Pirarara, formado pelas tradings ADM, Amaggi, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus, além da Estação da Luz Participações (EDLP). O presidente da EDLP, Guilherme Quintella, disse que não tem interesse em investir no projeto da Rumo, caso seja colocado em licitação.
Contudo, torce para que ele seja viabilizado, assim como outros, porque tem sinergias e agrega valor à Ferrogrão e aos produtores de soja da região do Mato Grosso.

Valor Econômico, 01/08/2017, Empresas, p. B2

http://www.valor.com.br/empresas/5062218/antt-avalia-pleito-da-rumo-de-…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.