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Anistia critica autoridades por desnutrição em MS

FSP, Brasil, p. A8
17 de Fev de 2007

Anistia critica autoridades por desnutrição em MS
Governador reage e acusa União por morosidade

Hudson Corrêa

A Anistia Internacional emitiu ontem um comunicado em que critica o governo de Mato Grosso do Sul e autoridades brasileiras pela suspensão da distribuição de cestas de alimentos aos índios. O governador do Estado, André Puccinelli (PMDB), reagiu culpando o governo federal pela desnutrição entre os índios.

Segundo a Anistia, duas crianças indígenas morreram de desnutrição em Dourados (MS) -além de Nandinho Fernandes, de dois anos e um mês, um bebê de nove meses. Segundo a entidade, outras 36 estão internadas após a suspensão da entrega de cestas básicas pelo governo estadual, sob a justificativa de crise financeira.

A Anistia recomenda que sejam feitos apelos a autoridades para que os alimentos voltem a ser distribuídos. A entidade cita telefones e endereços para contato com Puccinelli e ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça), Patrus Ananias (Combate à Fome) e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos).

A Funasa (Fundação Nacional de Saúde) confirma que o índio Nandinho Fernandes foi internado com desnutrição grave, mas afirma que o bebê de nove meses não tinha desnutrição quando foi internado.

Ao comentar o relatório, Puccinelli afirmou que, ao assumir o governo, em janeiro, encontrou paralisada desde dezembro a entrega de cestas de alimentos a índios e sem-terra.

"[Assistir] cidadãos diferenciados como os indígenas é obrigação da Funai, que não faz porra nenhuma. Poder pôr [publicar]. Essas coisas têm que ser ditas com clareza", disse.

O governador disse que o Ministério de Combate à Fome "lavou as mãos" e ainda não deu resposta sobre proposta de divisão de verbas, entre União, Estados e prefeituras, para atender 150 mil famílias, incluindo índios, que precisam dos programas sociais.

"Esperamos que a paquidérmica máquina tartarugal do governo federal possa nos dar a resposta antes do término do cadastramento [de famílias] em outubro", afirmou.

O governador disse ter fechado um acordo nesta semana com a Funasa para distribuir 11 mil cestas aos índios.
A Folha não conseguiu contato com o Ministério de Desenvolvimento Social e de Combate à Fome nem com o presidente da Funai, Mércio Gomes. No último dia 8, a assessoria do ministério havia declarado que, em 2006, liberou R$ 309,3 milhões para atender 803 mil pessoas, 35% da população, em Mato Grosso do Sul. Anteriormente, a Funai alegou falta de verbas.

FSP, 17/02/2007, Brasil, p. A8

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