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Andiroba, cajuaçu, maçaranduba, parapará...

FSP, Mais, p. 9
Autor: LEITE, Marcelo
16 de Jan de 2005

Andiroba, cajuaçu, maçaranduba, parapará...

Marcelo Leite
Colunista da Folha

...angelim-vermelho, cumaru, jatobá. Ou, se preferir, Carapa guianensis, Anacardium giganteum, Manilkara huberi, Jacaranda copaia, Dinizia excelsa, Dipteryx odorata e Hymenaea coubaril.
Nomes de madeira são fascinantes, como pronunciou Arnaldo Antunes pela voz de Marisa Monte na canção "Bem Leve" (...jacarandá, peroba, pinho, jatobá, cabreúva, garapeira...). E desconhecidos para a maioria das pessoas, inclusive madeireiros, mas agora um pouco menos, graças a uma iniciativa da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém do Pará.
No rumo inverso da própria madeira, chega amanhã à capital paraense uma carga com todos esses nomes acima, nas versões populares e científicas. Em lugar da matéria-madeira, matéria-conhecimento: fichas de plástico com as informações fundamentais para identificar cada uma dessas espécies. Impressas e plastificadas em São Paulo -o maior consumidor da madeira da Amazônia.
A identificação correta é um dos grandes problemas da subdesenvolvida indústria madeireira na Amazônia. A confusão de nomes, que variam de lugar para lugar, impede a padronização. Como há dezenas de madeiras que recebem a denominação de angelim, por exemplo, o comprador não tem como saber se está adquirindo matéria com a mesma dureza, densidade, etc. da remessa anterior.
A iniciativa "Espécies Arbóreas da Amazônia", da Embrapa Amazônia Oriental, faz parte do Projeto Dendrogene (www.cpatu.embrapa.br/dendro), uma pesquisa de cinco anos que reuniu uma dúzia de instituições. Segundo Regina Martins da Silva, da Embrapa, a precariedade na informação prejudica também os madeireiros: sem ter certeza de quais espécies estão sendo exploradas, as empresas podem estar vendendo madeira nobre acreditando ser uma espécie de qualidade inferior, disse.
A andiroba (Carapa guianensis, ou andiroba-branca, andiroba-de-igapó, andiroba-lisa, andiroba-vermelha), por exemplo, é chamada de "crabwood" em inglês, de "najesi" em Cuba e de "krappa", "crappo" e "carapa" na Venezuela. Similar ao mogno (Swietenia macrophylla), e como ele superexplorada, passou a ser designada pelo anagrama "aboridan", quando sua exportação foi proibida, para enganar a fiscalização.
As primeiras cinco fichas foram lançadas em novembro e são complementadas agora com mais cinco. Outras dez devem sair em fevereiro ou março. Mas a meta de chegar a 50 espécies não está garantida, porque o Dendrogene foi encerrado. A análise da anatomia de cada uma está pronta, mas falta coletar informações sobre algumas espécies.
Na realidade, nem a tiragem de 3.000 exemplares da segunda dezena de fichas está garantida. A Embrapa precisa conseguir patrocínio de R$ 10.015,00 para imprimir as fichas em São Paulo e transportá-las até Belém. Cada ficha é vendida por R$ 7,00, mas há desconto para lotes acima de dez. Informações pelo telefone (0/xx/ 91) 276-2307, ou por correio eletrônico: amoraes@cpatu.embrapa.br

FSP, 16/01/2005, Mais, p. 9

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