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Amoa Konoya sofre violência e arbitrariedade

Ângela Pappiani/ Maíra e Inimá Lacerda/ Leopardo Kaxinawá/ Adriana Moreira/ Eliza Otsuka/ Paulo Santos/ Jurandir Xavante
Autor: Ângela Pappiani/ Maíra e Inimá Lacerda/ Leopardo Kaxinawá/ A
01 de Jun de 2004

Na última quinta feira, dia 13 de maio, às 8hs da manhã, a loja Amoa Konoya de Walter Gomes - o Waltão - e Silvana foi invadida antes mesmo de abrir ar portas ao público por 6 policiais federais.

Os policiais forçaram a entrada intimidando as pessoas com ameaças de prisão. Eles tinham um mandado de busca e apreensão de todo material confeccionado com plumas, dentes, couro e ossos. Disserem que cumpriam ordens de Brasilia, que havia um inquérito correndo e que naquele mesmo dia outras lojas e comerciantes estavam também sendo investigados e presos.

Por mais de 5 horas os policiais vasculharam a loja, a casa, o depósito, levando tudo que encontraram, inclusive sua coleção particular de arte indígena. Levaram também documentos, agendas, arquivos e o computador. Walter prestou depoimento na Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal e foi liberado no final da tarde.

Nessa mesma quinta feira a loja da Funai em Brasília também foi invadida e em vários estados outras pessoas foram presas entre elas funcionários e ex-funcionários da FUNAI acusados de tráfico de patrimônio e crime ambiental.

O que não ficou claro até agora é por que em São Paulo somente a loja do Waltão sofreu essa violência. E o que espanta é que justamente a loja Amoa Konoya é um espaço reconhecido por seus clientes e pela mídia por seu importante papel de divulgar o pensamento, a cultura e a arte dos povos indígenas do Brasil, sempre com respeito aos direitos e valorização dessas culturas.

Walter construiu ao longo de 10 anos de trabalho uma extensa rede de amigos e admiradores, entre pessoas não indígenas e indígenas de várias etnias. A loja é um centro de referência com informação, livros, música, vídeo, arte da melhor qualidade. O conhecimento do Waltão é fonte para pesquisadores, profissionais liberais, estudantes e consultores de várias áreas que procuram a loja para saber sobre os povos indígenas.

Não sabemos ainda o rumo desse inquérito mas o Walter está buscando ajuda profissional para reaver seu patrimônio adquirido com legitimidade e correção ao longo de tantos anos de esforço.

Todos nós estamos nos solidarizando neste momento difícil e acreditando que esta situação absurda vai se esclarecer muito em breve e que essas mesmas forças que invadiram e desrespeitaram um trabalho sério e comprometido terão que se retratar publicamente.

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