VOLTAR

Ameaças de morte assustam líderes

CB, Brasil, p. 16
26 de Abr de 2005

Ameaças de morte assustam líderes

Lilian Tahan e Paloma Oliveto
Da equipe do Correio

O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República se comprometeu a intervir no processo de desapropriação de 700 mil hectares de terra na região central do Pará. Cerca de 328 índios representantes das aldeias de Apiterewa e Xingu, que vivem na reserva de Paracanã, dizem que estão sendo ameaçados de morte por grileiros de terra. O acordo entre o GSI e cinco índios Apiterewa foi para que o governo fizesse a ponte entre a Polícia Federal de Belém e a Funai para acelerar o cumprimento da ordem de desapropriação das terras da reserva de Paracanã.
A líder Hosana Poruborá, 43 anos, denuncia que vem sofrendo ameaças de morte de seringueiros, fazendeiros e políticos da cidade Seringueiras, em Rondônia. Considerada uma etnia extinta, os poruborá não são reconhecidos pela Funai, embora a aldeia, que fica a 33 quilômetros da cidade, abrigue 300 indígenas. "Eles (os fazendeiros) disseram que querem arrancar minha cabeça fora. Nós estamos abandonados, dizem que a gente não existe mais. Estou aqui, preocupada com meus filhos, minha mãe e meus irmãos, que também sofrem ameaça de morte", lamenta Hosana. Ela viajou quatro dias de ônibus para chegar a Brasília.
O cacique Anastácio Kaiowá culpa a falta de terra para plantio pelas mortes por desnutrição na região de Dourados (MS). Somente este ano, morreram 21 crianças indígenas. "A fome é a conseqüência. Falta terra. Só vamos ter vida longa e com saúde se demarcarem nossas terras", disse o cacique. Mais de 60 mil índios de sete etnias vivem nas aldeias próximas à cidade. "A intervenção do governo na região não adiantou nada. Só estão fazendo algo por causa da mídia. Quando a mídia parar de noticiar, o problema das mortes vai voltar", prevê Gilberto Azanha, antropólogo do Centro de Trabalho Indigenista (CTI). É com plantas naturais que os índios tentam evitar a morte por desnutrição. Os remédios nativos, porém, não impediram a morte de crianças e adultos pela fome.

CB, 26/04/2005, Brasil, p. 16

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.