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Ambientalistas e cientistas demonstram constrangimento

Valor Econômico - https://valor.globo.com/brasil/noticia
25 de Set de 2019

Ambientalistas e cientistas demonstram constrangimento

Daniela Chiaretti

Ambientalistas, indigenistas e cientistas demonstram constrangimento e pesar à fala do presidente Jair Bolsonaro na sede da ONU, em Nova York, ontem. "Foi uma vergonha. Infelizmente, é a melhor palavra para descrever o discurso", analisou Carlos Rittl, secretárioexecutivo do Observatório do Clima, maior rede de ONGs com temática climática a atuar no Brasil.

"No palco mais importante do planeta, ele parecia estar buscando 'likes' nas mídias sociais, de robôs, em vez de tentar conversar com líderes e demonstrar que é um governo confiável, que busca relações comerciais e diplomáticas com os outros governos do mundo."

Para Rittl, o discurso "sepulta a possibilidade de sucesso de novos acordos comerciais com países que têm por princípio o respeito aos direitos humanos e compromissos com o acordo de clima".

"Este é um dia de muita tristeza para nós brasileiros", avaliou a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, convidada especial do secretário-geral da ONU, António Guterres, para a Cúpula de Ação Climática. "Ouvi o discurso e estou estarrecida", continuou Izabella. "É uma fala vazia de ideias, mais voltada ao público doméstico e ao público dele, do que para o mundo."

"Bolsonaro mostrou que é alguém que não tem ideia de quais são os verdadeiros desafios do século XXI", disse Ana Toni, diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade. "Foi como um discurso no meio da Guerra Fria. Alguém teria que avisá-lo que ela já acabou."

O presidente "acentuou o divisionismo e a polarização, em oposição ao espirito de colaboração que é o fundamento principal da ONU", disse Mauricio Voivodic, diretor-executivo do WWF Brasil. "Ele apontou inimigos imaginários e não reconheceu os problemas existentes no Brasil ou a sua responsabilidade, como presidente, para solucioná-los."

"É uma vergonha para o cidadão brasileiro testemunhar o presidente de um país que já ocupou um papel importante de protagonismo no cenário mundial, na questão ambiental, se dirigir de maneira desrespeitosa a lideranças internacionais preocupadas com a preservação da Amazônia", disse o físico Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP.

"O presidente assumiu perante o mundo sua política anti-indígena e sua visão arcaica sobre a Amazônia", disse nota de Adriana Ramos, assessora de políticas públicas do Instituto Socioambiental (ISA).

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