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Ambientalistas criticam modelo de grandes obras na Amazônia

Estado de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: EVANILDO DA SILVEIRA
21 de Out de 2003

Bióloga vê outra ameaça: o plantio de soja, 'um crime contra a humanidade'

Um modelo de desenvolvimento baseado em grandes obras, como hidrelétricas e rodovias, e na agropecuária em larga escala voltada à exportação não é o mais adequado para a Amazônia. A opinião é de ambientalistas e pesquisadores, que lembram que a região é heterogênea e possui uma riqueza potencial, em biodiversidade e recursos naturais, ainda inexplorada.

"No caso da Amazônia, uma de suas principais peculiaridades é a floresta amazônica e a grande biodiversidade que ela abriga", afirma a bióloga Teresa Ávila Pires, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). "Qualquer modelo de desenvolvimento que negue essa característica regional e não procure formas positivas de incorporá-la é irracional."

Nesse aspecto ela condena a monocultura da soja, que começa a se espalhar pela região. "Derrubar matas naturais, riquíssimas em vida, para plantar uma única espécie é um crime contra a natureza e contra a humanidade."

A construção de hidrelétricas também tem a oposição dos especialistas.

"Elas, assim como a cultura da soja, visam o desenvolvimento do País e não da região", diz Adriana Ramos, coordenadora de Políticas Públicas da Organização Não-Governamental (ONG) Instituto Socioambiental. "A energia produzida nessas hidrelétricas é enviada para outras regiões do Brasil. Ou então para produzir alumínio, que é exportado."

"A Amazônia é muito heterogênea", afirma o biólogo José Maria Cardoso da Silva, vice-presidente de Ciência da ONG Conservation International do Brasil. "Antes de abri-la para exploração seria necessário um macrozoneamento, determinando quais zonas devem ser protegidas e quais podem ser liberadas."

Isso permitiria aliar a necessidade de desenvolvimento econômico e social com a conservação dos recursos naturais. "Isso é possível, mas falta vontade política. O Brasil sabe plantar soja no cerrado e agora na Amazônia porque investiu muito para adaptá-la a esses ambientes. Mas não sabe como aproveitar a riqueza natural da região porque não investiu nisso."

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