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Ambientalistas atacam

OESP, Notas e Informações, p. A3
26 de Out de 2004

Ambientalistas atacam

A Secretaria Estadual dos Transportes passou um ano preparando o Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental do Trecho Sul do Rodoanel com o objetivo de evitar mais críticas e vetos dos ambientalistas, preocupados com os possíveis danos causados pela obra, principalmente nas áreas de mananciais. Bastou, no entanto, protocolar o documento na Secretaria Estadual do Meio Ambiente, na quinta-feira, para que os ataques recomeçassem, ameaçando novamente o processo de liberação da construção.
Desta vez, o movimento ambientalista contesta o licenciamento parcelado e quer que todos os trechos do Rodoanel - Sul, Leste e Norte - sejam aprovados em conjunto. O licenciamento parcelado, no entanto, foi autorizado pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente, do qual são integrantes os ambientalistas signatários de ação protocolada no Ministério Público Estadual e Federal com objetivo de anular o processo. Recomeçam, assim, as tentativas de obstruir uma obra viária importante para o setor do transporte de carga e para aliviar o congestionamento das Marginais. O Rodoanel, com seus 175 quilômetros, foi planejado para, em 2020, absorver 50% do tráfego comercial que atravessa a Região Metropolitana de São Paulo e para reduzir os custos de transporte em R$ 2 bilhões anuais.
O Trecho Oeste do Rodoanel, inaugurado há quase três anos, tem movimento intenso de caminhões e de veículos leves. A via registra hoje 210 mil viagens diárias - 43 mil delas feitas por caminhões que deixam de entrar na capital para atingir algumas das rodovias.
Em horários de pico, congestionamentos se formam em pontos próximos do acesso à Rodovia Castelo Branco e à Avenida dos Autonomistas, na divisa de Osasco e Carapicuíba. Sem o Rodoanel, esses veículos estariam concentrados nas ruas do Butantã e nas Marginais do Pinheiros e do Tietê, causando transtornos ao trânsito da cidade. Em entrevista ao Estado, o gerente de Planejamento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Ronaldo Tonobohn, afirmou que, com o Trecho Oeste do Rodoanel, o trânsito piorou na chegada da Rodovia dos Bandeirantes à cidade e se agravou a lentidão da Marginal do Tietê. Em compensação, melhorou no Butantã. É evidente que, sem a conclusão dos outros trechos, o congestionamento migrará para os novos pontos de acesso e é para evitar isso que se recomenda que a construção siga o cronograma, para que São Paulo não seja ainda mais castigada.
O movimento ambientalista precisa reavaliar seus conceitos e a forma de atuação em relação ao Rodoanel - uma obra cada vez mais indispensável. Com o apoio dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, os ambientalistas vêm, há anos, entravando o prosseguimento da construção, alardeando o colapso no abastecimento de água, a ocupação desordenada no entorno da via e a degradação da vegetação.
Num País onde a construção da Rodovia dos Imigrantes ganhou fama internacional pela alta tecnologia empregada e pelo impacto nulo ao meio ambiente, o temor de que uma via como o Rodoanel decrete a morte dos mananciais é insustentável. Há know-how para construir sem destruir. Pelos projetos, o Rodoanel ajudará, ao contrário do que afirmam os ambientalistas, a preservar as várzeas, onde é retida a carga de fósforo - elemento encontrado no esgoto, causador da proliferação de algas nos mananciais.
Além disso, o Rodoanel pode funcionar como freio da ocupação desordenada das áreas de mananciais, uma vez que nas suas vizinhanças são previstos apenas centros logísticos integrados ao planejado Ferroanel. Com a construção, o valor dos imóveis próximos aumentará, atraindo investidores que, conseqüentemente, impedirão a invasão das áreas. Por fim, em relação aos danos à vegetação, os projetos mostram que a construção afetará de 400 a 600 hectares de cobertura vegetal. O Estado promete a reposição de 1,4 mil a 2,3 mil hectares, com o plantio de até 3,7 milhões de mudas.
Cobrar pelo cumprimento do que está previsto nos projetos seria iniciativa muito mais útil do movimento ambientalista do que simplesmente impedir a continuidade da obra de importância indiscutível.

OESP, 26/10/2004, Notas e Informações, p. A3

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