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Amazônia perde 18 mil km 2 de matas em 1 ano

Estado de S.Paulo-São Paulo-SP
Autor: SANDRA SATO
11 de Jun de 2002

Governo comemora expectativa de queda de 13% no ritmo da devastação na região

O desmatamento na Amazônia atingiu uma área de 18.226 quilômetros quadrados entre agosto de 1999 e agosto de 2000, o que representou aumento de 5% em relação ao período anterior. Com isso, a região já perdeu 600 mil quilômetros quadrados de floresta. Mesmo assim, o presidente Fernando Henrique Cardoso comemorou os resultados do relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados ontem. A estimativa para 2000 e 2001 é de queda de 13% na devastação, com área desmatada de 15.184 km2.

O porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, disse que FHC ficou satisfeito com os números, que evidenciaram o "trabalho profícuo" desenvolvido pelo ex-ministro do Meio Ambiente José Sarney Filho e seu sucessor, José Carlos Carvalho.

O governo, que identificou os 49 municípios responsáveis por 80% da derrubada da cobertura vegetal da região, atribuiu o recuo nas previsões sobre devastação a três fatores: a eficiência na fiscalização, a lei de crimes ambientais - que elevou de R$ 4,9 mil para R$ 50 milhões a multa para infrações - e a medida provisória que alterou o Código Florestal, exigindo a proteção de 80% das propriedades.

Carvalho teme o efeito das eleições sobre a situação da Amazônia. "O desmatamento pode voltar a crescer se os candidatos não assumirem claramente medidas de controle da atividade." Entre elas, ele citou o licenciamento de propriedade rural para desmatamento com base em imagens de satélite, como faz o Mato Grosso.

Outro ponto crucial, disse o ministro, é a conclusão do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) da Amazônia, previsto para meados de 2003. O ZEE definirá áreas com vocação ecológica e agropecuária.

Desperdício - Carvalho informou que, considerando a MP do Código Florestal e o território da Amazônia Legal, ainda podem ser desmatados 400 mil km2. "É necessário cuidado para que não se perca floresta à toa." Hoje 165 mil km2 desmatados estão abandonados por serem impróprios à agricultura.

O governo pretende no segundo semestre inaugurar a Agência de Desenvolvimento da Amazônia, em substitução à Sudam, para mudar o modelo de desenvolvimento da região. Também conta com o projeto Sivam para identificar o corte de árvores mais rapidamente.

No governo FHC, a Amazônia foi atacada pela motosserras. Entre 1994 e 1995, o corte da floresta atingiu o recorde de 29.059 km2. Tanto o diretor do Inpe, Luiz Carlos Miranda, como Carvalho atribuem esse resultado à estabilidade propiciada pelo Real. Na atual gestão, a área desmatada anualmente girou entre 17 mil e 18 mil km2. Só de 1996 a 1997 registrou-se queda, para 13.227 mil km2.

O assessor jurídico do Instituto Socioambiental (Isa), André Lima, disse que os satélites usados pelo Inpe não captam a perda da biodiversidade provocada por cortes seletivos realizados por madeireiras. Ele acusou ainda ministérios como os da Agricultura, das Minas e Energia e dos Transportes de planejarem ações dissociadas da política ambiental.

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