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Amazônia na vitrine

ARC Design, n. 61, ago. 2008, p. 14-18
Autor: Maria Helena Estrada
31 de Ago de 2008

Amazônia na vitrine

...um lugar de exposição e vendas para o artesanato indígena e a produção ribeirinha, capaz de estabelecer uma aproximação entre o tradicional e a contemporâneo. Belo, útil, bem realizado, o artesanato indígena é perfeito. Não há que tocá-lo, atualizar sua linguagem ou diversificar tipologias. Ele é pura e furte, não sofreu influências, nasceu com a Brasil - ou melhor, antes do Brasil

Maria Helena Estrada

Por um estranho descaso, só agora começam a ser reunidos e comercializados artefatos indígenas produzidos hoje. Não a arte plumária, que está nos museus, mas objetos de uso cotidiano ou mesmo ritualísticos.

Foi inaugurada em Manaus a primeira loja/galeria dedicada ao artesanato indígena e àquele das comunidades à margem dos rios. Chega-se à GaleriAmazônica pelo mesmo piso do passeio - já famoso - que contorna todo o centro histórico. Inaugurada no mês de abril, com 200m1 de área em construção tombada, no Largo do Teatro, ocupa o mesmo prédio da sede do Instituto Socioambiental (ISA), entidade idealizadora do projeto, em colaboração com a etnia indígena Waimiri Atroari. A galeria é um espaço destinado à valorização da diversidade sociqambiental da Amazônia.

Os representantes do ISA e da Associação Comunidade Waimiri Atroari (norte do Amazonas e sul de Roraima) pensaram o projeto com ênfase na exposição dos trabalhos produzidos pelas etnias da Região Amazônica, ressaltando a diferença do processo artesanal de cada reserva, sua história e costumes, classificando as peças por etnias.

O projeto foi realizado pelo escritório paulistano Sao Arquitetura e pelo designer Nido Campolongo. Os arquitetos Simone Carneiro e Alexandre Skaff assinam a reforma do galpão, a ambientação e locação dos equipamentos e mobiliário, que foram desenvolvidos por Campolongo. São módulos expositores e anéis suspensos, executados em papelão rígido, onde as peças são colocadas.

Totens cilíndricos também exibem artefatos de adorno, usados por cada comunidade. Peças de Campolongo, como a Banqueta X (agora executada em madeira, em parceria com a Fundação Almerinda Malaquias), integram esse universo feito em látex, papelão, madeira residual e couro vegetal da Amazônia.

Ter "alma amazônica". Esse é o critério de escolha dos produtos e exposições. O repertório da GaleriAmazônica inclui a arte tradicional e contemporânea da região e está aberta à participação de artistas com trabalhos comprometidos com o tema e a região.

0 objetivo, além de estimular a visitação pública, é incentivar a venda e encontrar representantes para a produção das associações e das comunidades. Transparência nas relações e princípios de sustentabilidade preestabelecidos são os pilares sobre os quais foi erguido o novo espaço: valorização da diversidade socioambiental da Amazônia; compromisso com o uso sustentável dos recursos naturais, com a manutenção da floresta e com a geração de renda para produtores e suas associações; relações de longo prazo com os parceiros-fornecedores e os clientes; controle de qualidade com origem identificada.

Idealizada pelo ISA, a partir de projetos de alternativas econômicas desenvolvidos nos últimos 15 anos em parceria com a FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), e associações e comunidades indígenas do Alto Rio Negro, a galeria começou a ganhar forma e força com a participação da ACWA.

A GaleriAmazônica comercializa hoje peças das marcas Arte Baniwa, Waimiri-Atroari, Kumurô Banco Tukano, Wariró, Fundação Almerinda Malaquias e Hutukara. Associação Yanomami, entre outros.

ARC Design, n. 61, ago. 2008, p. 14-18

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