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Amazônia Hype

JB, Revista de Domingo, p. 50-51
06 de Jun de 2004

Amazônia Hype
O universo exótico da região Norte seduz a arte, a moda e a gastronomia

Adriana Bechara

É tapioquinha pra cá, boi-bumbá pra lá e priprioca acolá. A influência amazônica está em toda parte e começa a conquistar os trend-setters, aquelas pessoas que lançam tendências de comportamento, mais conhecidas como formadores de opinião.
Tribos indígenas distantes ganham destaque em exposições hypadíssimas no Centro Cultural Banco do Brasil. A primeira delas é Yanomâmi, l'esprit de la forêt, iniciativa da Fundação Cartier de Paris, entidade que é o supra-sumo do luxo parisiense. A outra reúne pinturas da tribo Ticuna, que habita a região amazônica, na fronteira do Brasil com o Peru.
A Amazônia está presente até na China. Há 15 dias, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutia acordos comerciais e nucleares, eram exibidos dentro da Cidade Proibida (atual centro histórico chinês, antigamente dedicado apenas às famílias dos imperadores) utensílios e adereços produzidos por índios amazônicos.
Na alta gastronomia, os ingredientes do Norte são cada vez mais freqüentes. Depois de uma viagem pelo interior do Brasil, o chef paulistano Alex Atala, um dos mais prestigiados do país, lançou um livro sobre o assunto (Por uma gastronomia brasileira, ed. Bei) e se orgulha em dizer no cardápio de seu restaurante DOM, em São Paulo, que lá se faz gastronomia brasileira. No Rio, Felipe Bronze, do Z Contemporâneo, prepara sushi de ostras com pérolas de tapioca; e Carla Pernambuco tem no escondidinho de pupunha e camarão com purê de inhame e castanhas do Pará um carro-chefe do Carlota. A chef dos vips Roberta Sudbrack também é fã da farinha de mandioca do Acre e é a rainha das tapioquinhas sofisticadas. Prova de que não é só em restaurante típico que os ingredientes amazônicos são bem-vindos.
Para ganhar atenção no exterior, a moda brasileira descobriu o filão da identidade nacional. A H. Stern, que já tinha namorado este universo 10 anos atrás, lançou agora uma coleção com o nome da tribo Purãngaw. Um dos itens é um pingente inspirado no pau- de-chuva, que faz até barulhinho. Francesca Romana, designer que acaba de abrir ateliê em Nova York, também bebeu na fonte amazônica, criando colares trançados de sementes de guaraná, coco e açaí que podem custar até R$ 490.
Enquanto a grife de moda praia Rosa Chá explora orquídeas e flores tropicais em aplicações localizadas na coleção de alto-verão, Lenny Niemeyer aposta em maiôs e biquínis estampados com bicos-de-papagaio e helicônias.
Karlla Girotto, a paulistana mais comentada da cena fashion nos últimos meses, figurou como a única brasileira entre os dez estilistas eleitos pelo concurso Absolut Label. Seu tema: a lenda amazônica do boi-bumbá. Um dos destaques é uma gola que pode ser vestida sob qualquer camiseta, com patchwork de tecidos como a chita.
E que tal usar um perfume com cheiro de terra molhada, madeiras nobres e frutas exóticas? Na Época Cosméticos, a linha Amazonic Boat tem até sabonete com óleo de copaíba e andiroba. Tendência bem explorada pela brasileiríssima Natura, que, além de ter sido a primeira a lançar produtos que são a cara da Amazônia, também está ligada ao desenvolvimento sustentável da região. Fundamental, para que a Amazônia continue sendo tendência por muito, muito, muito tempo...

JB, 06/06/2004, Revista de Domingo, p. 50-51

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