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Amazônia ao gosto do viajante

Veja, Turismo, p.108-110
29 de Set de 2004

Amazônia ao gosto do viajante
Novas opções de hospedagem na floresta oferecem contato com cientistas, fotografia, esportes radicais e até conforto

Leonardo Coutinho

Já é possível visitar a Amazônia em pacotes turísticos que vão além dos tradicionais passeios de barco com focagem de jacarés, banhos de água fria, pesca de piranhas e visitas a aldeias de caboclos. De olho na receita proporcionada por 2 milhões de turistas ao ano, a nova geração de hotéis de selva e barcos de passeio na região aposta na variedade do público e investiu em infra-estrutura para conquistar quem não abre mão do conforto e de experiências culturais com mais conteúdo. Para isso, oferece pacotes que incluem cursos e expedições acompanhadas por cientistas, além de instalações originais e agradáveis.
Em Tefé, a 450 quilômetros de Manaus, a Pousada Flutuante Uacari é um exemplo premiado. Ganhou a última edição do prêmio de turismo sustentável conferido pela The Smithsonian Magazine e pela Travelers Conservation Foundation. A pousada funciona dentro da reserva de Mamirauá. O visitante não só se hospeda em um dos melhores lugares para observação da vida selvagem da Amazônia, segundo o guia Lonely Planet, como também acompanha alguns dos grupos de pesquisa atuantes na área. Pode ver a rotina dos cientistas, entender suas pesquisas e fazer trilhas conduzidas por naturalistas.
Noutra região, 750 quilômetros adiante, a organização não-governamental WWF montou um hotel administrado pelos próprios ribeirinhos. Abastecido com energia elétrica, tem ar-condicionado e frigobar nos doze apartamentos. Oferece passeios noturnos pelos rios, pesca com arpão e pernoites em comunidades onde o turista pode experimentar como vive um morador da Amazônia. "A noite na mata é muito mais interessante do que incomodar um jacaré para ver seus olhos brilhando e amarrar sua boca para poder tocá-lo", diz Vicente de Almeida Neves, da Associação de Silves pela Preservação Ambiental e Cultural, que administra o hotel.
O Pakaas Palafitas Lodge, na cidade de Guajará-Mirim, em Rondônia, tem apartamentos com camas king-size, ar-condicionado, frigobar, chuveiro quente e iluminação 24 horas. Construído em uma plataforma a 4 metros do chão, o hotel tem uma piscina de 23 metros com vista para a floresta e para o Rio Mamoré. Oferece visitas às comunidades de seringueiros e às aldeias indígenas na fronteira com a Bolívia. Tem também passeios em veículos de tração nas quatro rodas ao longo da antiga ferrovia Madeira-Mamoré. Guias acompanham o percurso e contam a história da linha de trem. No Amazonas, uma empresa holandesa especializada em esportes radicais, a Tiwa, construiu um eco-resort que, ao lado das opções tradicionais, tem um centro de aventuras com arvorismo, passeios de mountain bike e jogos coletivos na selva. Todo o lixo do hotel, localizado à margem do Rio Negro, é enviado para longe da floresta e há uma estação para tratar o esgoto das instalações.
Turistas radicais encontram boas corredeiras no Rio Cristalino, durante a estação seca, no Cristalino Jungle Lodge, no norte de Mato Grosso. Também podem praticar rapel em paredões naturais e aprender técnicas de sobrevivência na selva. Uma torre de 50 metros, acima da copa das árvores, é um achado para ornitólogos e observadores de borboletas. Para estudantes, é oferecido o pacote Escola da Amazônia, que traz workshops com biólogos sobre conservação da biodiversidade e iniciação à fotografia de borboletas e aves, além de curso sobre princípios de botânica e observação de primatas.
Partindo uma vez por mês de Manaus, o barco Sebastião Borges - do fotógrafo Pedro Martinelli, um dos mais experientes na coleta de imagens da floresta - leva os passageiros para uma viagem de seis dias por rios, igarapés e comunidades ribeirinhas. "Não tenho a pretensão de fazer um curso de fotografia, mas de orientar e mostrar uma Amazônia real e sua gente", explica. Construído para transportar oitenta passageiros e 90 toneladas de carga, o barco foi reformado e tem camarotes para doze pessoas. Martinelli trabalha num novo livro, sobre a culinária amazônica, e conduz os viajantes em um roteiro pautado pela cozinha cabocla. "É uma viagem além da fotografia, que educa o olhar e ensina a pensar antes de apertar o botão da máquina", conta a fotógrafa pernambucana Yêda Bezerra, que participou de uma excursão

Veja, 29/09/2004, Turismo, p. 108-110

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