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AM tem 16 grupos de índios isolados, aponta levantamento da Funai

G1 - www.g1.globo.com
Autor: Adneison Severiano
09 de Jan de 2016

O Amazonas tem 16 grupos de índios isolados na região do Vale do Javari, que fica no extremo oeste do Amazonas e na fronteira com o Peru. Em 2014, dois grupos fizeram os primeiros contatos. A região tem sido palco de conflitos de povos indígenas de etnias distintas. Há um ano, um confronto resultou em mortes de índios. O inquérito que investiga o caso não foi concluído.

A Terra Indígena do Vale do Javari, no estado do Amazonas, possui área de 8,4 milhões de hectares. A Fundação Nacional do Índio (Funai) estima a existência de cerca de 4,5 mil índios de contato permanente e dois grupos de recente contato na região.

Outros 16 grupos de índios, que são considerados isolados, também habitam a área. Entretanto, a Funai não tem levantamentos populacionais sobre os povos indígenas isolado. O órgão justifica que, por se tratar de grupos em situação de isolamento, não se tem dados sobre afiliação linguística e também sobre o número dessas populações.

Em setembro do ano passado, um casal e quatro crianças do povo indígena isolado korubo fez contato com uma tribo kanamari no Rio Itaquaí, na Terra Indígena Vale do Javari, no município de Atalaia do Norte, no Amazonas. O grupo chegou a ser levado para uma base de proteção da região. Há quase 20 anos, os korubos não estabeleciam contato, de acordo com a Funai. Outro grupo do povo korubo, composto por 16 pessoas, foi contatado em 1996 pela Fundação. Na época, a instituição concluiu que havia necessidade de estabelecer contato.

A Funai estabeleceu o contato com ajuda de índios matis com um grupo korubo isolado em setembro de 2015. Segundo a Funai, o Coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental foi informado do contato de 10 indígenas Korubo, provocado por indivíduos Matis nos arredores da aldeia Tawaya, às margens do Rio Branco. Um Plano de Contingência para Situações de Contato foi executado e uma equipe foi deslocada à região. Em outubro, outro contato com grupo korubo, de onze pessoas foi feito. O segundo grupo foi levado ao mesmo acampamento onde se encontravam os demais índios do korubo.

Conflitos

Os contatos entre etnias isoladas e povos indígenas de contato permanente teriam gerado mortes e tornado a região conflituosa. Um dos casos que reforçam a situação de "guerra tribal" ocorreu no dia 5 de dezembro de 2014. Duas lideranças indígenas da etnia matis foram assassinadas durante conflito com índios isolados do povo korubo, na aldeia Todowak. A aldeia fica às margens do rio Coari.

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava) afirmou ao G1 que a Funai já havia sido alertada sobre a possibilidade de conflitos na Terra Indígena Vale do Javari. A organização afirma que a questão do atual conflito "não é uma situação isolada, e que diversos povos dessas aldeias já mantêm contato e isso pode vir a ocasionar outros confrontos".

A Funai negou omissão sobre os conflitos. Segundo o órgão, pela própria política adotada por pela instituição é inaceitável a suposta acusação de omissão com relação ao contato ocorrido com o grupo korubo.

"Na época, a Funai agiu prontamente, e apoiou a mudança de aldeia dos matis após o conflito. A Funai intensificou os diálogos com o povo matis e pactuou cinco atividades de trabalho com eles. Entre as atividades realizadas pela Funai, destacam-se: o apoio para a formação de uma nova aldeia matis, oficinas sobre o mapeamento dos territórios Korubo e sobrevoos para identificar a área ocupada por grupos korubo", afirmou em nota a Funai.

Os conflitos entre os índios estão sendo monitorados, de acordo com a Funai. A motivação do conflito de 2014 ainda é incerta. A Fundação Nacional do Índio disse que os korubo confirmaram o ataque aos matis que, segundo eles, foi motivado pela morte de uma criança recém-nascida por doença e por recusa dos matis na entrega de bens. "Em outro momento, relataram como foi o revide dos matis e informaram pelo menos oito mortes. Há sobreviventes do ataque no grupo", informou a Funai.

Logo após as mortes em conflito indígenas, a Procuradoria da República em Tabatinga do Ministério Público Federal (MPF) recebeu a denúncia e iniciou apuração do caso. Após um ano do crime, o inquérito civil público ainda foi concluído. O MPF justificou que aguarda resposta da Funai sobre informações solicitadas a respeito do atendimento no Vale do Javari.

http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2016/01/am-tem-16-grupos-de-ind…

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