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Alunos de SC usam rádio para ridicularizar Nonoai

Zero Hora (RS) - http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=capa_online
18 de Mar de 2010

Acadêmicos de jornalismo de Chapecó ofendem origem dos gaúchos

Com a intenção de fazer graça, estudantes de jornalismo da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), em Chapecó (SC), ofenderam os vizinhos gaúchos de Nonoai. Durante um programa de rádio, o sotaque dos agricultores do município teria sido ridicularizado, assim como a origem indígena e a religiosidade da população.

O caso foi denunciado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) ao Ministério Público Federal de Chapecó, como racismo.

Durante uma hora e meia, Nonoai foi mencionada na rádio da Unochapecó pelos estudantes do quinto semestre de jornalismo, que pensavam estar fazendo um programa de humor. O conteúdo também foi parar em blogs assinados pelos alunos, com áudio e texto.

Os mártires da cidade, Padre Manuel e o coroinha Adílio, beatificados pelo Vaticano no ano passado, teriam sido chamados de "santos do pau-oco" pelos estudantes. Já Nossa Senhora da Santa Luz, a padroeira da paróquia que reúne mais de 50 mil fiéis em procissões anuais, seria "Nossa Senhora da Vaca". Os índios caingangues, que representam boa parte da população do município, teriam sido comparados a integrantes de gangues.

- Foi uma humilhação para Nonoai - disse o pároco do município, Valmor Tomasi.

Na medida em que o assunto se espalhava pela cidade, moradores ligavam para a prefeitura, cobrando uma atitude. O designer Diogo Festa Barlete, que mantém um site de informações sobre o município, o Portal Nonohay, retratou a indignação dos moradores.

- No começo parecia brincadeira, mas foi passando dos limites - comentou Barlete.

Caso encaminhado ao MP pode parar na Justiça

Uma reunião foi realizada na cidade para discutir o tema. Dela, foi redigida a Carta Oficial de Nonoai, enviada à Unochapecó, com pedido de explicações. Os alunos responderam com uma carta de desculpas.

- Todos concordam que as expressões e brincadeiras foram levianas e infantis. Erramos em não conhecer a cultura local e, mesmo assim, julgá-la de forma tão imatura e sem ética - diz o documento, redigido pelos estudantes.

A reitoria da universidade catarinense também se manifestou sobre o caso e pediu desculpas oficiais à comunidade de Nonoai. O reitor e o coordenador do curso de jornalismo devem participar de uma reunião, na manhã de sexta-feira, no município gaúcho, com representantes da prefeitura, Câmara de Vereadores, Igreja Católica, Funai e entidades de classe.

- Queremos acertar isso porque consideramos a universidade e o município de Chapecó como irmãos. Foi uma afronta muito grande para a comunidade - diz o prefeito de Nonai, João Vianei Rubin (PP).

Para os indígenas, entretanto, a situação poderá ter desdobramentos judiciais. O coordenador regional substituto da Funai de Chapecó, João Batista Oselame, enviou para o Ministério Público Federal o áudio do programa feito pelos alunos, pedindo a instauração de investigação por crime de racismo.

marielise.ferreira@zerohora.com.br

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