VOLTAR

Altamira precisa mais de Transamazônica que de usina, dizem lideranças

Globo - http://g1.globo.com
Autor: Mariana Oliveira
25 de Mar de 2010

A rodovia federal Transamazônica, que serve aos municípios da região de Altamira, no Pará, e liga a Região Norte ao restante do pais, é mais importante para o desenvolvimento local, na avaliação de lideranças regionais, do que a usina de Belo Monte, apontada pelo governo como a segunda maior hidrelétrica do Brasil, atrás apenas de Itaipu.

O G1 está em Altamira e publica nesta semana uma série de reportagens sobre o assunto.

Com custo estimado de R$ 19 bilhões, Belo Monte só perde, na hierarquia das maiores obras do PAC, para o trem-bala, que ligará São Paulo, Campinas e o Rio. O leilão para decidir a empresa ou grupo que executará a obra da usina foi marcado para o próximo dia 20. O vencedor vai explorar o local por 30 anos. Deve começar a obra em 2015 e concluí-la em 2019.

Líder local dos empresários, Vilmar Soares, presidente da Associação Comercial Industrial e Agropastoril de Altamira, diz que a Transamazônica é hoje o principal gargalo da região.

"O asfaltamento da Transamazônica, independente de Belo Monte, é fundamental para o crescimento local. Nós temos dificuldade em escoar nossa produção.
A estrada é de terra e, em período chuvoso, tudo se complica. Para nós, a pavimentação é mais importante", avalia Soares.

O G1 percorreu um trecho da Transamazônica a partir de Altamira. Após 18 quilômetros da cidade, a Transamazônica vira uma estrada de terra. A reportagem percorreu cerca de dez quilômetros. Em alguns trechos, encontrou dificuldade para passar por buracos mesmo em uma caminhonete.

Francisco de Assis, o Chiquinho do PT, presidente do Consórcio Belo Monte (entidade que reúne os prefeitos das cidades afetadas direta ou indiretamente pela hidrelétrica), afirmou que "o gargalo da região é o transporte, e a Transamazônica é importante nesse contexto".

Segundo Assis, a previsão é de que a pavimentação da rodovia comece ainda neste ano, no trecho que sai de Marabá e vai até Altamira.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que a pavimentação no trecho Marabá-Ruropólis está prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e começa neste semestre.

Segundo o Dnit, o trecho tem 834 km e atualmente a obra está em fase de licitação para o trecho Marabá-Medicilândia, que compreende a região de Altamira. Somente para esse trecho, o orçamento previsto é de R$ 547 milhões.

O prefeito de Vitória do Xingu, Liberalino Ribeiro de Almeida Neto, afirmou que há reclamação constante do empresariado em relação à rodovia.

"A falta de pavimentação é um grande problema para a nossa região. Por causa da estrada ruim, os produtos chegam muito caros para a gente e nossos produtos também se tornam baratos, porque temos de pagar frete alto. Para não ficar fora da competição, baixamos os preços, perdendo rentabilidade. Além disso, não se tem acesso ao grande Brasil", afirma.

Odileida Maria Sampaio, prefeita de Altamira, afirma que cobra frequentemente do governo federal uma solução para a Transamazônica.

"Estivemos em Brasília e condicionamos inclusive o apoio total à obra da hidrelétrica de Belo Monte à pavimentação da Transamazônica. A rodovia foi construída há 39 anos e nunca foi pavimentada", diz.

O engenheiro Marcelo Salazar, do Instituto Socioambienal (ISA) em Altamira, concorda que o asfaltamento é necessário para a região, mas destaca que é preciso cautela.

"[A pavimentação] é a grande demanda dos agricultores familiares, mas é necessário um projeto de zoneamento do local para evitar a ocupação desordenada no entorno da rodovia", afirmou.

Salazar avalia também que é preciso um estudo do impacto conjunto da pavimentação da rodovia com a instalação da usina na região.

"É preciso um estudo da sinergia dos impactos. Você tem Belo Monte. E você tem a Transamazônica. E tudo isso junto, que tipo de impacto traz para a região?"", questiona.

http://migre.me/rclM

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.