O Globo, Ciência, p. 28
15 de Mai de 2007
Alerta para refugiados ambientais
ONG diz que clima vai forçar a migração de 1 bilhão de pessoas
Fernando Duarte Cor respondente
Um estudo divulgado ontem pela ONG britânica Christian Aid chama a atenção para uma conseqüência das mudanças climáticas ainda pouco discutida: a dos refugiados. De acordo com a entidade, pelo menos um bilhão de pessoas estarão sujeitas à migração forçada por conta de secas ou enchentes entre 2007 e 2050, num movimento populacional que poderá resultar em conflitos nas áreas de recursos mais escassos. Para a ONG, tal crise é o maior problema das populações mais pobres nos países subdesenvolvidos.
No relatório, a Christian Aid mostra preocupação especial com casos como o do Máli, país localizado na região mais pobre do mundo (África Sub-Saariana), onde alterações nos padrões climáticos estão infernizando a vida de pequenos agricultores.
- O impacto das mudanças climáticas é o maior e mais assustador fator desconhecido da equação da migração forçada - afirma o pesquisador John Davison, autor do estudo da Christian Aid, que estima em 155 milhões de pessoas o número atual de refugiados por força de conflitos, desastres e projetos de desenvolvimento econômico.
Embora reconheça o papel dos biocombustíveis no combate às emissões de CO2, a Christian Aid acusa os países desenvolvidos de estarem alimentando uma campanha de injustiças sociais nos países onde as grandes plantações estão resultando na expulsão de pequenos proprietários de terra e no trabalho escravo.
O Brasil é citado como um caso problemático em função do cultivo da cana de açúcar e da soja, mas a preocupação da ONG é com a Colômbia, que tem a monocultura do óleo de palmeira como outra fonte de problemas, ao lado do narcotráfico e da instabilidade política.
O Globo, 15/05/2007, Ciência, p. 28
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