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05 de Jan de 2023
Alegria da posse expurga 4 anos de sombras
Marina sabe que só conseguirá a meta do desmatamento zero se os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet, entre outros, a ajudarem
Por Daniela Chiaretti
De Brasília
05/01/2023
O público impressionante que transbordou do salão nobre do Planalto, ontem à tarde, na posse mais concorrida da Esplanada, se manifestava em catarse. A alegria em torno da cerimônia que tornou Marina Silva ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima era também o expurgo de quatro anos de sombras vividos por ambientalistas, servidores do MMA, do Ibama e do ICMBio, parceiros de outros governos, cientistas, indígenas, seringueiros, quilombolas, ribeirinhos. Foi também sinal da força que a pauta ambiental conquistou nos 15 anos de ausência de Marina no Executivo. Que ninguém se iluda - as batalhas começam agora. Volta-se, contudo, a embates normais, de Terra redonda.
A historiadora acreana também não é a mesma de 20 anos atrás, quando ingressou no MMA no primeiro governo Lula. Seu olhar político segue passando invariavelmente pela floresta, mas está fortalecido. Marina defende agora o desmatamento zero, mas sabe que só conseguirá a meta se os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet, entre outros, a ajudarem a estruturar incentivos que façam com que os que podem desmatar legalmente, não vejam nisso um bom negócio.
Mais do que nunca a ex-senadora que queria ser freira, virou professora e acabou ministra, quer os ilegais fora do páreo. Sabe, contudo, que a agenda não pode ser só de "comando e controle", ou não irá vingar em um Brasil mais empobrecido, com o Estado mais quebrado e a sociedade, mais polarizada. "Não há mágica", disse no discurso.
Marina sabe, contudo, que a luta ambiental é dura, confronta interesses fortes, deve construir novas lógicas de desenvolvimento e senso de prosperidade. A jornada apenas começa, e ela precisa do apoio do povo e do governo, ou a mudança não irá acontecer. "Muitos vieram de longe para estar presentes no novo momento da gestão socioambiental no país", disse e abraçou a plateia. Várias vezes elogiou a resistência dos servidores que levaram a agenda a frente, apesar das perseguições. "A tarefa de cuidar do meio ambiente é do povo e uma missão política".
A ministra também enalteceu os pares: "Discurso arrebatador, retumbante, já tivemos muitos. O do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, é o mais bonito que já ouvi", reconheceu. Dirigiu-se à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e pediu: "Esse discurso, aliás, deveria ser editado e mandado a todos nós, para ouvirmos mais de uma vez".
A grande mensagem de Marina, contudo, foi de lembrar aos outros ministros, que a prioridade ambiental e climática está dada pelo presidente Lula, e é ele quem irá comandar essa agenda. "O anúncio de empossar Marina Silva é uma demonstração inequívoca que o compromisso do presidente Lula, inclusive com sua ida à COP do clima, é sério", diz Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental. "Foi suficiente para fazer com que a Alemanha anunciasse novos recursos para o Fundo Amazônia mesmo antes de o governo colocar qualquer ação em campo", segue. "Isso só é possível porque há esse reconhecimento em torno dela".
Os desafios, agora, são gigantes. É transformar, por exemplo, a agricultura de baixo carbono no modo de produzir do país.
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