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Alagoano é assessor do MJ para assuntos indigenistas

Gazeta de Alagoas-Maceió-AL
Autor: (FÁTIMA ALMEIDA)
19 de Jan de 2003

Alagoano, 36 anos, formado em Direito pela Universidade Federal de
Alagoas, Cláudio Luís dos Santos Beirão é o novo assessor do Ministério da Justiça para
assuntos indigenistas. Apesar de jovem, ele foi credenciado para o cargo pelo seu currículo em
defesa dos Direitos Humanos e pela sua afinidade com a causa indígena. Em Alagoas,
Cláudio participou da Comissão de Direitos Humanos da OAB e foi assessor jurídico nacional
do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Foi ele quem denunciou, durante reunião da
Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington (EUA), a esterilização em
massa das mulheres indígenas no Brasil.
De Brasília, pelo telefone, Cláudio Beirão falou com a reportagem da GAZETA DE ALAGOAS.
Segundo ele, sua missão será dar suporte ao Ministério da Justiça nessa área. Cláudio
acredita que o novo governo honrará o compromisso de resgatar a dívida social do Brasil com
os povos indígenas, alterando o quadro de preconceito, principal causa da violência contra os
índios brasileiros.
"Temos nos deparado com problemas graves e recentes de violência contra os índios. É
necessária a articulação do governo com entidades não-governamentais ligadas aos direitos
humanos, para discutir a adoção de um trabalho de base, que faça reverter esse quadro",
observa.
Na opinião de Cláudio, um dos problemas mais graves é o preconceito, que gera discriminação
e violência. "Vem daquele conceito historicamente equivocado de que o índio é preguiçoso,
que não quer trabalhar. Isso vem do início da colonização, pelo fato de o índio ser diferente,
por sua cultura, sua relação com a terra", afirma o advogado.
Ele diz que o recente assassinato de um índio por três jovens, no Rio Grande do Sul, é um dos
retratos mais dolorosos dessa discriminação. "Há regiões em que o índio é tratado como
animal", observa.
Outro tipo de violência citado por Cláudio Beirão é na disputa pela terra com grande
latifundiários, cujos exemplos mais gritantes e recentes vêm sendo registrados no Mato Grosso
do Sul e em Roraima. Há, ainda, a violência gerada pela disputa por recursos naturais
fartamente existentes em terras indígenas. "Muitas reservas são ricas em madeira nobre, em
minerais, e aí entram os interesses de madeireiras, mineradoras, gerando mais violência",
observa.
Segundo Cláudio, há uma expectativa grande em relação ao governo Lula. "É um governo que
veio para mudar o modelo de tratamento com determinadas causas, e acreditamos que a
causa indígena esteja entre as prioridades", afirma ele, acrescentando que a idéia do novo
governo é fazer a articulação entre os três ministérios que têm ações voltadas para os povos
indígenas: Saúde, Educação e Justiça, promovendo uma discussão urgente, mas participativa, sobre os problemas e ações capazes de mudar o atual quadro.

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