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Agricultores do Estado de São Paulo trocam sementes tradicionais

ISA - www.socioambiental.org
09 de Nov de 2010

Depois da 3ª Feira de Troca de Sementes e Mudas Tradicionais das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira realizada no mês de outubro, um grupo de quatro representantes de quilombos participou da I Feira de Troca de Sementes Tradicionais do Estado de São Paulo.

A idéia da I Feira de Troca de Sementes Tradicionais/crioulas do Estado de São Paulo surgiu no grupo de trabalho de sementes da Comissão de Produção Orgânica de São Paulo e foi organizada pelo Instituto Kairós (de São Paulo) e o Instituto Socioambiental (ISA) com apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e do Centro Paula Souza, instituição que coordena o ensino técnico e tecnológico no estado.

Além de promover iniciativas como a feira, o grupo de trabalho está discutindo a regulamentação da produção das sementes orgânicas, proposta pelo MAPA, cujo prazo se encerra em 26 de novembro próximo.

O evento, que aconteceu no Espaço Cultural Tendal da Lapa, no bairro paulistano da Lapa, contou com a participação de quilombolas do Vale do Ribeira, de agricultores de Cunha (que também organizam uma feira local de troca de sementes crioulas), de Botucatu, de Ibitinga e de Pederneiras, articulados pela Associação Biodinâmica, de Itaberá e pela cooperativa Coapri; de agricultores da Fazenda Figueira (Minas Gerais), da região metropolitana de São Paulo, especialmente de Embu das Artes e de Parelheiros e de agricultores independentes.

Nas bancas montadas havia cerca de 150 etnovariedades entre sementes, mudas e outros materiais tradicionais ou crioulos: muitas variedades de milho e de feijão, poucas de arroz (do Vale do Ribeira e de Cunha), algumas variedades de hortaliças (20 trazidas por um produtor de Ibitinga e algumas de Cunha), sementes e mudas de árvores variadas, mudas de batata doce, cará, cana e rama de mandioca, sobretudo do Vale do Ribeira.

A feira mostrou a grande riqueza de experiências presentes no estado, e, ao mesmo tempo, os importantes desafios a enfrentar para que o evento se amplie e seja representativo da realidade paulista, tais como: o envolvimento de outros grupos que trabalham com resgate e valorização de sementes tradicionais; o aumento da disponibilidade de etnovariedades tradicionais, sobretudo para algumas categorias de produtos, ainda escassas ou difíceis de serem encontradas. Finalmente, mas não menos importante, está o fortalecimento - em sentido técnico, organizacional, econômico - das experiências de resgate e valorização das sementes crioulas, para propiciar maior difusão. Esse fortalecimento deve ter origem no trabalho dos agricultores e necessita de respaldo em políticas públicas apropriadas. Tais políticas devem ser formuladas pelos governos dos países que adotaram Tratado Internacional sobre os Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura, do qual o Brasil é signatário.

http://www.socioambiental.org/noticias/nsa/detalhe?id=3203

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