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Agricultores deixam área indígena em MT

OESP, Nacional, p. A8
05 de Jan de 2013

Agricultores deixam área indígena em MT
Funai agora quer ampliar presença do poder público em Marãiwatsédé, desocupada após ordem da Justiça; mil xavantes vivem no local

FÁTIMA LESSA, ESPECIAL PARA O ESTADO / CUIABÁ

Encerrado ontem o prazo para desocupação da Terra Indígena Marãiwatsédé, no norte de Mato Grosso, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou ter planos para reforçar a presença do poder público na área. Hoje, cerca de mil xavantes vivem em cerca de 10% do território demarcado. Os últimos ocupantes não indígenas deixaram a área e, segundo a Polícia Federal, não houve resistência.
Desde o início do processo de desocupação, o órgão promoveu o monitoramento territorial das terras indígenas para impedir o retorno dos invasores. Um programa do governo federal prevê para o local programas de recuperação de áreas degradadas, produção de acordo com seus valores culturais e planejamento da ocupação do território. "A proposta é que eles tenham condições de se autossustentar", disse o secretário nacional de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência, Paulo Maldos.
O prazo para desocupação da terra indígena se encerrou à zero hora de ontem. Bens e objetos deixados para trás pelos invasores serão confiscados pela Justiça. Ocupantes que ainda não deixaram o local devem responder pelo crime de desobediência.
Desde a manhã do dia 30, uma força-tarefa do governo federal ocupou a comunidade de Posto da Mata, considerado foco de maior resistência à devolução das terras aos índios xavantes. Com isso, o fim da desocupação correu de forma mais tranquila.
Na ocupação do Posto da Mata, o gerente do posto de combustível usado como base de resistência foi preso. No local foi encontrada parte da carga de 7 toneladas de alimentos saqueada pelos manifestantes, inclusive com notas fiscais identificando a carga. Os alimentos seriam levados para a aldeia Urubu Branco, do povo carajá, em Confresa (MT). Após saquear a carga, os manifestantes atearam fogo a um caminhão da Funasa utilizado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) para transportar o alimento.
Tensão. O processo de retirada dos ocupantes começou em 10 de dezembro e foi marcado por protestos e bloqueios de rodovias. No primeiro dia, oito pessoas ficaram feridas, incluindo dois policiais. No grupo havia pessoas com histórico de prisão por homicídio, assalto, tráfico de drogas e sequestro.
As notificações de desocupação foram entregues entre 7 e 17 de novembro. Segundo a assessoria do Ministério Público Federal, o processo foi dividido em quatro fases. Na primeira, foram notificados os grandes fazendeiros e, na segunda, os médios produtores. Em seguida, o alvo foram os pequenos agricultores e, por último, os moradores do vilarejo Estrela do Araguaia, que fica em uma região no interior da terra indígena. Segundo a Funai, 455 pessoas foram notificadas.
Os grandes fazendeiros, segundo o MPF, foram os principais responsáveis pelo desmatamento dentro da Terra Indígena Marãiwatsédé. Segundo a Funai, o grupo é constituído de prefeitos, ex-prefeitos, vereadores, empresários e um desembargador. Esses proprietários possuem mais de 32 fazendas, numa área equivalente a quase 45 mil campos de futebol.

OESP, 05/01/2013, Nacional, p. A8

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