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Agora é a vez de "tratoraço" por OGM

GM, Agronegócio, p. B12
01 de Jul de 2005

Agora é a vez de "tratoraço" por OGM

Produtores vão intensificar o lobby pela liberação do plantio de algodão transgênico no País. Os cotonicultores devem fazer um "tratoraço pelos transgênicos", segundo sugestão do pesquisador Luís Carlos Barreto de Castro, ex-presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). A proposta, apresentada ontem no 11 Clube de Fibra, foi aceita pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
"Será nossa prioridade a aprovação do plantio de algodão transgênico", diz Jorge Maeda, presidente da Abrapa. Segundo ele, o cultivo de organismos geneticamente modificados é a única forma de o setor voltar a ter competitividade, uma vez que os grandes produtores e exportadores da fibra no mundo utilizam essa tecnologia. Maeda acredita em uma redução de pelo menos 15% nos custos de produção com o cultivo de transgênicos.
O produtor Gilberto Goellner, de Pedra Preta (MT) está ansioso para começar o cultivo de algodão geneticamente modificado. Cerca de um terço de seu custo de produção, estimado em US$ 1.750 por hectare, é destinado à aplicação de agrotóxicos na lavoura. São aproximadamente 15 aplicações. Se ele usasse transgênicos, seriam três. "Se não tivermos perspectivas de utilizarmos a tecnologia, ficamos alijados de competir", diz Goellner. Com os preços baixos da commodity e os altos custos de produção, ele imagina que muitos produtores vão reduzir a área na próxima safra. "Se não houver mudança, diminuo em 20%", afirma.
A comercialização de algodão transgênico no País depende de agilidade do governo. No ano passado, a CTNBio autorizou a utilização da tecnologia, com alguns condicionantes: o estabelecimento de áreas de exclusão, o percentual de 20% de cultivo não transgênico, a utilização de práticas agronômicas conservacionistas e a utilização de uma metodologia para a detecção da transgenia. A Monsanto , detentora da tecnologia, está "acordando com o governo a transferência de informações ao governo", segundo Geraldo Berger, gerente de Biossegurança e Sementes da Monsanto.
Além desses condicionantes, que devem ser definidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, as empresas que pretendem utilizar a tecnologia da Monsanto na produção de sementes deverão solicitar registro da cultivar.
O coordenador de Biossegurança do ministério, Marcus Vinicius Coelho, a liberação comercial não depende da regulamentação da nova lei de biossegurança. Apesar disso, o setor deve fazer lobby para a rápida regulamentação da lei, para que seja formada a nova CTNBio e as demais liberações de cultivo experimental e comercial sejam autorizada.
Para Barreto, é preciso um esforço conjunto, do setor produtivo, para a liberação comercial, o financiamento de novas pesquisas e também para a promoção de uma campanha que convença a opinião pública de que a tecnologia é segura. "Aqueles que foram contrários, foram eficientes em mostrar seus pontos de vista à sociedade", diz.
Barreto teme que, sem a liberação comercial do algodão transgênico, possa ocorrer com o produto o mesmo que aconteceu com a soja: o contrabando de sementes. Para ele, isso acarretaria em falência das indústrias de sementes, desestimularia as pesquisas e dificultaria a comercialização do produto brasileiro. "Nossos com-pradores poderiam alegar que não têm segurança", diz. Além disso, ele acrescenta o fato de os concorrentes do Brasil estarem cultivando algodão geneticamente modificado. Segundo estimativas mundiais, em dois anos, 50% do plantio de algodão será transgênico.

GM, 01-03/07/2005, Agronegócio, p. B12

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