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Agencia Japonesa divulga Estudo de Desenvolvimento do Tocantins

A Gazeta Mercantil-TO
Autor: Ivonete P. Motta
25 de Jun de 2001

As contradições sócio-econômicas do Norte do Estado, que tem de um lado um grande potencial agrícola e, de outro, inúmeros problemas sociais, poderão ser minimizadas a partir das recomendações do Estudo de Desenvolvimento Integrado da Agricultura e Pecuária da Região Norte, elaborado pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) a partir de um convênio de cooperação técnica celebrado com o governo estadual em 1999.
O esboço do relatório final foi apresentado na última sexta-feira, em Palmas, pela equipe japonesa comandada por Hiroshi Matsutani, coordenador geral da Jica no Brasil, e Satoru Kido, líder da missão.
O estudo mostra os problemas da região e as intenções dos produtores, levantados por meio de workshops realizados com as comunidades dos municípios abrangidos. Aponta também soluções para curto, médio e longo prazos. A missão rastreou toda a região, e identificou as aptidões econômicas de todas as localidades.
'O resultado final superou as expectativas, agora o desafio será implementar os estudos', disse Nasser Iunes, secretário da Agricultura. Ele adiantou que o governo vai continuar buscando parcerias para a execução dos projetos propostos, pois o desenvolvimento da região é um passo importante para a consolidação econômica do Tocantins.
Já o secretário do Planejamento e Meio Ambiente, Lívio William Reis de Carvalho, avalia que o estudo mostra a preocupação do governo com a descentralização das ações públicas, evitando que elas se concentrem na capital. Carvalho destacou que 12 anos após sua criação, o Tocantins tem condições de oferecer algo mais além de seu potencial econômico para os investidores: a infra-estrutura montada ao longo desse período. Os estudos, acrescentou o secretário, indicam novos caminhos para outras cooperações. Eles também serão incorporados ao Plano Plurianual do governo.
Carvalho aproveitou a presença do representante da Jica em Palmas para sugerir outra cooperação técnica de grande valor estratégico: a de tornar o Tocantins um grande exportador de energia e água. Hiroshi Matsutani definiu o Tocantins como 'o estado da água e da energia'.
Tecnologia
O Estudo de Desenvolvimento Integrado da Agricultura e Pecuária da Região Norte abrange 38 municípios em uma área de 37 mil km2 e uma população de 367.269 habitantes. Na explanação que fez sobre os estudos, Satoru Kido explicou que o projeto prevê a exploração da atividade agropecuária, a promoção da agricultura sustentável, a conservação do meio ambiente e a redução das disparidades sociais.
Na região registram-se grandes extensões de terras férteis em comparação com o restante do estado e também uma posição geográfica privilegiada em relação ao transporte de produtos, devido à implantação da Ferrovia Norte/Sul. Também se observa a existência de recursos hídricos em abundância (a região é margeada pelos rios Araguaia e Tocantins) e uma onda de investimentos do setor privado e público. Por outro lado a região também é conhecida pela alta concentração de pequenos produtores rurais, que mal conseguem tirar o sustento da terra. Por isso o estudo prevê a transferência de tecnologias através do fortalecimento das estrutura de assistência técnica.
O levantamento aponta que atualmente 53% da área são utilizados em pastagem; 44% mantêm-se intactos; e 2,7% são ocupados com outras atividades. Como o Código Florestal brasileiro estabelece em 80% a área destinada à preservação permanente na Amazônia Legal, o estudo propõe a recuperação das áreas degradadas para que o limite legal chegue a 54,02% até 2015.
O estudo propõe que a melhoria das pastagens da região seja feita com a introdução da cultura de grãos em sistema de rotação, e da criação de búfalos, uma atividade mais voltada para os mini e pequenos agricultores. Já o aumento da área de preservação está sendo proposto por meio da silvicultura.
No curto prazo, até 2005, recomenda-se a promoção da melhoria do solo, de treinamento e formação de lideranças e estímulo ao associativismo, a produção e distribuição de mudas, além de assistência financeira para os mini e pequenos.
Os municípios de Araguaína e Araguatins foram definidos como pólos de desenvolvimento. O atual secretário da Agricultura de Araguaína, Cláudio Troncoso Vilas, que iniciou esse projeto quando ocupava a pasta no estado, disse que vai tentar seguir o plano, que no seu entendimento é 'excelente' , pois aponta as áreas com potencial para produção e também prevê a recuperação das áreas degradadas.
O relatório apresentado em Palmas ainda vai receber algumas observações, e sua versão final só deverá ser apresentada em setembro próximo. Para Hiroshi Matsutani esse estudo do Tocantins poderá ser utilizado em outros trabalhos semelhantes que serão realizados posteriormente pela Jica. Ele acenou com a possibilidade de o governo japonês financiar outros projetos no estado.

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