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Acusados de matar índio vão a júri

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: MARILENA FREITAS
04 de Ago de 2004

Os três acusados de executarem o índio Aldo da Silva Mota, um vereador e dois empregados da fazenda dele, vão a júri popular provavelmente em 2005. A Justiça Federal julgou procedente a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) para pronunciar ao Tribunal do Júri Federal os acusados pelo assassinato ocorrido em janeiro de 2003.
Os réus, Francisco das Chagas Oliveira da Silva e os empregados dele, Elisel Martin e Robson Gomes, são acusados por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
A denúncia do MPF apontou o fazendeiro e atual vereador do município de Uiramutã, Francisco das Chagas, conhecido por "Chico Tripa", como mandante do crime. Os dois trabalhadores da fazenda são apontados como os executores.
As advogadas, Joênia Wapichana, do Conselho Indígena de Roraima, e Michel Mary Maycon, do escritório Greenhalgh de advogacia, atuam na assistência da acusação. O Tribunal do Júri Federal deverá se reunir somente em 2005 para analisar o caso.
O inquérito da Polícia Federal (PF), concluído em julho de 2003, indiciou os dois vaqueiros, inicialmente, por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Posteriormente, o MPF aditou a denúncia e incluiu o fazendeiro e vereador "Chico Tripa", como mandante do crime.
CRIME - O crime ocorreu na primeira semana do ano de 2003. O índio macuxi Aldo da Silva Mota, da terra indígena Raposa/Serra do Sol, foi morto no dia 2 de janeiro de 2003, dentro da fazenda Retiro, que pertencia ao vereador Francisco das Chagas. Após o homicídio ele foi indenizado pela Funai (Fundação Nacional do Índio).
Após uma semana de buscas, o corpo de Aldo Macuxi foi encontrado numa cova rasa a aproximadamente 300 metros da sede da fazenda Retiro. O laudo cadavérico do Instituto Médico Legal (IML) de Boa Vista atestou a morte como sendo "causa natural e indeterminada".
Insatisfeita, a família da vítima solicitou nova necropsia. A pedido do Ministério Público, a Justiça Federal autorizou novos exames no Laboratório de Antropologia Forense do IML de Brasília. O novo laudo atestou morte por "hemorragia interna por traumatismo torácico transfixante, causado por instrumento pérfuro-contundente - projétil de arma de fogo".
Os peritos concluíram que uma bala de revolver atingiu Aldo Mota perpassando seu corpo de cima para baixo no momento em que ele estava com os braços levantados. Isso leva a conclusão que ele estava ajoelhado e com os braços erguidos.
Nas contas dos CIR, Aldo Macuxi foi o 21o índio assassinado na Raposa/Serra do Sol nas últimas três décadas. No relatório da entidade, os homicídios são motivados pelos conflitos pela posse da terra entre índios e fazendeiros

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