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Acre terá projeto piloto para manejo de mogno

Tribuna de Imprensa-Rio de Janeiro-RJ
15 de Abr de 2002

O ministro do Meio Ambiente, José Carlos de Carvalho, autorizou ontem, no Acre, o início de um projeto piloto de manejo sustentado do mogno, madeira nobre que está sob ameaça de extinção no País por causa da exploração predatória. O projeto pretende contribuir para a preservação dessa espécie e ser uma alternativa à proibição da exploração do mogno no País, em vigor desde novembro.

O projeto delimita uma área de 4 mil hectares para exploração gradativa, com fins comerciais, de 10 mil metros cúbicos por um período de dois a três anos. A atividade deve começar em julho ou agosto.

A madeira dessa área será vendida com um certificado reconhecido internacionalmente, o FSC, atestando que a exploração é feita em condições não predatórias. De cada hectare podem ser retirados apenas 10 metros cúbicos de mogno, cinco vezes menos do que normalmente ocorre no Pará. O governo tem a intenção de implementar projetos semelhantes em outras áreas do País.

Famílias - O governador do Acre, Jorge Viana (PT), que sonha em transformar o Acre na Finlândia brasileira, com riqueza florestal e emprego de alta tecnologia, explica que há dois anos pesquisadores e organizações não-governamentais já vinham estudando a exploração sustentável do mogno. O modelo, que ainda será detalhado nos próximos três meses, prevê a retirada da árvore "avó", nos locais onde existirem uma "filha" e "duas netas".

Assim, depois de 30 anos, as árvores poupadas estarão prontas para o corte. "É a chance de melhorar a renda da população sem destruir a floresta", diz o governador, estimando que o metro cúbico de mogno poderá ser vendido por cerca de US$ 900.

Proibição - O governador apóia a decisão do governo federal de parar a exploração de mogno. "Precisava dar um basta diante do tráfego de madeira na Amazônia". Mas defende uma alternativa à exploração predatória.

"A única forma de proteger é usar o mogno de forma sustentável", endossa o coordenador de pesquisa do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Beto Veríssimo, parceiro do governo do Acre no projeto-piloto.

Veríssimo conta que ONGs ambientalistas deram aval ao projeto e acredita que o Acre será exemplo no País. Ele lembra que a União Européia já avisou que só comprará mogno brasileiro com prova de origem.

O diretor da organização não-governamental Amigos da Terra, Roberto Smeraldi, afirma que esse projeto é insuficiente para atender as necessidades do mercado. Segundo suas projeções, mais cinco a seis experiências como a do Acre atenderiam a demanda nacional e internacional.

Em discurso, o ministro afirmou que "a exploração ilegal de madeiras nobres como o mogno dilapida florestas, sonega impostos e não resolve o problema de renda dos moradores da Amazônia". O ministro apóia a exploração da floresta, desde que de maneira sustentável

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