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Acordo prevê conter aquecimento em 0,5oC

OESP, Metrópole, p. A23
16 de Out de 2016

Acordo prevê conter aquecimento em 0,5oC

Giovana Girardi,

Um acordo internacional fechado na madrugada deste sábado, 15, para a redução de emissões de um poderoso tipo de gás de efeito estufa pode ajudar o evitar um aquecimento de até 0,5oC na temperatura média global até o final deste século.
Em encontro em Kigali (Ruanda), 197 países (Brasil incluído) decidiram reduzir as emissões dos hidrofluorcarbonetos, ou simplesmente HFCs, gases usados em refrigeradores e aparelhos de ar condicionado e que também são conhecidos como superpoluentes por, sozinhos, terem uma capacidade enorme de aquecimento. De acordo com especialistas, reduzir o seu uso é o meio mais rápido para diminuir o aquecimento global.
Apesar de ocorrerem em uma quantidade relativamente pequena na atmosfera - a concentração de gás carbônico (CO2), o gás estufa mais comum é muito maior -, ele aprisionam milhares de vezes mais calor.
A decisão ocorreu como uma emenda ao Protocolo de Montreal, que em 1987 tinha estabelecido o fim do consumo de gases que destroem a camada de ozônio. Foram banidos, por exemplo, os CFCs (clorofluorcarbonetos), que também eram usados em aparelhos de ar-condicionado, geladeiras e sprays.
O acordo é considerado um dos mais bem-sucedidos na questão climática, por levar a uma redução de 98% na produção de gases nocivos à camada que protege o planeta da entrada dos raios solares mais nocivos e que são causadores de câncer de pele. Hoje a camada de ozônio voltou a se recuperar.
Os HFCs, que ficaram liberados, não causam esse problema, mas logo se viu que eles funcionavam como poderosos aquecedores. E sua concentração vem crescendo a taxa de 10% ao ano, principalmente por causa de um aumento da demanda, nos últimos anos, por resfriamento - em um círculo vicioso, quanto mais o mundo aquece por conta desses gases, mais ainda eles são consumidos.
Metas. Após duas semanas da conferência das partes do Protocolo de Montreal, todos os países se comprometeram a agir para reduzir suas emissões de HFCs. Diferentemente do acordo mais amplo de Paris, este é legalmente obrigatório.
Ele limita e reduz o uso de HFCs em um processo gradual que começa em 2019 com a redução por parte dos países desenvolvidos, incluindo os Estados Unidos. Mais de 100 países em desenvolvimento, como a China, o maior poluidor mundial, começam a adotar medidas em 2024, quando o consumo de HFCs deve atingir seu pico e ser congelado.
Um pequeno grupo de países que inclui Índia, Paquistão e alguns Estados do Golfo Pérsico pressionou e conseguiu adiar o início das ações para 2028, alegando que suas economias precisam de mais tempo para crescer. O objetivo é que até 2047, o consumo total tenha caído de 80% a 85% em relação aos valores atuais.
A medida é considerada isoladamente a mais efetiva para a contenção do aquecimento global e é a primeira grande ação desde que foi fechado, no ano passado, o Acordo de Paris, que prevê que os países atuem para conter o aumento da temperatura global a bem menos de 2oC até o final do século, com esforços para ficar em no máximo 1,5oC.
"Quanto mais rápido nós agirmos, mais baixos serão os custos e mais leve será o impacto ambiental sobre nossas crianças", declarou o presidente de Ruanda, Paul Kagame. "Não é sempre que temos a chance de ter uma redução de 0,5oC tomando um único passo juntos como países", comemorou o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry.
O acordo corresponde a "interromper por mais de dois anos toda a emissão de dióxido de carbono de combustíveis fósseis no mundo", disse em comunicado David Doniger, diretor do programa de clima e ar limpo no Conselho de Defesa de Recursos Naturais.
HFCs foram introduzidos nos anos 1980s como um substituto de gases que destroem a camada de ozônio. Mas os riscos aumentaram com o crescimento das vendas de aparelhos de ar condicionado e refrigeradores em países emergentes como China e Índia. / Com Associated Press.

OESP, 16/10/2016, Metrópole, p. A23

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