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Acordo europeu vai definir sucesso ou fracasso de Poznan

OESP, Vida, p. A18
03 de Dez de 2008

Acordo europeu vai definir sucesso ou fracasso de Poznan
Divisão da UE, líder ambientalista, atrapalha negociações na Polônia

Andrei Netto, PARIS

Grupo de países que mais batalhava pela criação de metas ambiciosas para proteção ambiental, a União Européia está dividida na 14ª Conferência do Clima das Nações Unidas, em Poznan, Polônia. Ao mesmo tempo que participam da reunião internacional, delegados dos 27 países-membros do bloco também discutem a adoção do Pacote Energia-Clima, um projeto que prevê redução das emissões de gases de efeito estufa, investimentos em energias renováveis e economia de energia.

A discussão no interior da União Européia é crucial para o resultado da Conferência do Clima porque países como Alemanha, França e Reino Unido são três dos maiores defensores da criação de metas ambiciosas para o acordo pós-Protocolo de Kyoto. Desde outubro, as divergências são crescentes. Na última reunião de cúpula do Conselho Europeu, Itália e Polônia bloquearam um acordo. Agora, a Alemanha também impõe restrições.

O desacordo tem fundo econômico. O Pacote Energia-Clima prevê três metas até 2020 (chamadas 3x20): 20% de redução das emissões de gases-estufa, uso de 20% de energia de fontes renováveis e 20% de economia de energia. As metas têm como referência 1990.

Caso aprovado, o projeto obrigaria as empresas da UE a investir em tecnologias limpas. As companhias poluidoras teriam de pagar multas ou comprar créditos de carbono. Em reação, empresas de setores-chaves, como a indústria metalúrgica, pressionam os governos contra o acordo. Tanto os investimentos quanto as multas resultariam, sustentam, em perda de competitividade em relação às concorrentes de outros países, como China e Índia.

A pressão tem gerado mais resultado na Alemanha. Antes exemplar em matéria ambiental, agora a chanceler Angela Merkel - que enfrenta eleições em 2009 - demonstra hesitação. A solução do impasse precisa sair até 11 e 12 de deste mês, quando ocorre a Cúpula do Conselho Europeu, em Bruxelas. A perspectiva não é otimista. Em outubro, o presidente da França, Nicolas Sarkozy demonstrou sua preocupação. "Não podemos voltar atrás, mas vamos ter de considerar questões ponderadas por outros chefes de Estado."

Se o pacote for vetado na UE, a divisão deve ter resultado direto na Conferência do Clima, cujos debates também chegarão ao auge em 11 e 12 de dezembro.

ESTADOS UNIDOS

A delegação ainda é de George W. Bush, mas a gestão de Barack Obama já estará presente na Conferência do Clima. Segundo o secretário-executivo do Painel de Mudanças Climáticas da ONU, Yvo de Boer, um grupo de senadores americanos - entre os quais os ex-candidatos democratas à presidência John Kerry e Al Gore - foi encarregado por Obama de acompanhar as negociações e barrar decisões radicais da delegação de Bush.

OESP, 03/12/2008, Vida, p. A18

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