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Acirram-se ânimos entre índios e produtores rurais

Gazeta de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: Anderson Pinho
20 de Mar de 2004

A disputa pela posse da área de Suiá Missu, localizada em Altos Boa Vista (a 1.058 Km de Cuiabá) pode render um novo conflito entre índios da etnia Xavante e produtores rurais. A presença de cerca de 300 indígenas às margens da rodovia BR 158, que liga Cuiabá a Belém (PA), próximo da área que está sub judice, acirrou os ânimos entre as partes envolvidas. O advogado Luiz Militão e o produtor rural Renato Teodoro, representante dos posseiros, vieram à Cuiabá, ontem (19), advertir as autoridades sobre o risco de um novo embate.

Segundo o advogado, decisão do juiz federal da 5ª vara, José Pires da Cunha, em 12 de dezembro do ano passado, diz que a área não pode ser ocupada por índios e posseiros até a conclusão do processo. "Eles estão sendo comandados por funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) para fazer pressão psicológica. A toda hora chegam ônibus trazendo mais índios. O apoio logístico é oferecido pela própria Funai", ressalta o defensor.

Teodoro argumenta que os posseiros não estão dispostos a ver a área sendo retomada, aos poucos, e ficar de braços cruzados. "Queremos uma solução pacífica, mas a presença dos índios é provocação. Se no final do processo disserem que a área é deles nós sairemos. Do contrário, todos têm que cumprir sua parte", avisa.

Os índios foram expulsos da área na década de 70 para dar lugar a um projeto que transformaria o local na maior fazenda de pecuária do mundo. Já os posseiro ocupam a área de cerca de 168 mil hectares desde a década de 80, após o fracasso do projeto. No local foi criado o distrito de "Estrela do Araguaia", onde vivem cerca de 400 pessoas.

Uma das razões para a demora no andamento do processo é espera da indicação de quatro antropólogos pela Associação dos Antropólogos do Brasil. Destes, um será escolhido pelo juiz do processo. Sua missão será emitir um laudo, já que o anterior foi anulado

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