OESP, Economia, p. B6
09 de Fev de 2012
Acidente no Japão atrasa usinas no Brasil
Construção de usinas nucleares deve atrasar até um ano e meio por causa do ocorrido em Fukushima, diz assistente da presidência da Eletronuclear.
GLAUBER GONÇALVES
O plano do governo federal para a construção de novas usinas nucleares no Brasil deve sofrer atraso de até um ano e meio por causa do acidente de Fukushima, no Japão, em março de 2011.
Ontem, o assistente da presidência da Eletronuclear, Leonam Guimarães, afirmou que a catástrofe japonesa ocorreu justamente no momento em que o País se preparava para levar adiante os trabalhos de planejamento, o que criou um ambiente desfavorável para a discussão do assunto.
"Poderíamos atribuir um atraso de um ano a um ano e meio para as novas usinas", disse Guimarães, ressaltando, porém, que o último Plano Plurianual do governo indica que a energia nuclear continua nos planos do País. Um dos objetivos estabelecidos no documento é projetar quatro novas usinas entre 2012 e 2015 e criar fundamentos para que elas possam sair do papel no futuro, sem especificar prazo.
Em palestra no 3.o Fórum de Energia Nuclear, ontem no Rio, Guimarães avaliou que, logo Após o acidente, o momento tornou-se politicamente inadequado para levar as discussões à frente. Na época, a Alemanha anunciou o abandono de seu programa nuclear, decisão classificada de "irracional" pelo executivo.
Pressões. Para ele, a guinada mostra que a chanceler Angela Merkel teve de ceder às pressões populares contra a energia nuclear, que teriam fortalecido o Partido Verde alemão. Em 2011, ano de eleições também no Brasil, a candidata do Partido Verde, Marina Silva, surpreendeu ao ficar em terceiro lugar. Antes mesmo da campanha, ela defendera a realização de um plebiscito sobre a necessidade de o País utilizar energia nuclear.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, afirma que o País não foi o único a enfrentar adiamentos. "Isso atrasou não só o programa nuclear brasileiro, mas também o de outros países. Quando há um acidente desse tamanho, questionam-se os procedimentos de segurança de uma usina nuclear",afirmou. Para ele, ainda há espaço para o crescimento da participação da energia nuclear na matriz brasileira.
Guimarães acredita que o Plano Nacional de Energia 2035, aguardado ainda para o primeiro semestre deste ano, deva indicar a construção de mais usinas nucleares no País.
O plano anterior, cujo horizonte vai até 2030, previa no mínimo quatro. "Arrisco dizer que o plano de energia de 2035 deve ter mais unidades nucleares", previu.
O governo já tem um mapeamento de áreas potenciais para a construção de plantas. Agora, espera-se a chancela do novo plano para que os estudos sejam aprofundados.
"Já temos a identificação de áreas candidatas em todo o território nacional. Conforme o que orientar o plano, vão ser selecionadas as áreas que serão submetidas a estudos mais aprofundados", diz ele.
Enquanto não há definições sobre novos projetos, a Eletronuclear toca as obras da Usina Angra 3, no litoral fluminense. O vencedor da licitação do projeto de montagem eletromecânica da planta deve ser anunciado em março, afirmou ontem o gerente de planejamento e orçamento da Eletronuclear, Roberto Travassos. Os investimentos na usina devem totalizar R$ 10 bilhões.
Reflexão
"Quando há um acidente desse tamanho, questionam-se os procedimentos de segurança de uma usina nuclear." Leonam Guimarães, assistente da presidência da Eletronuclear
OESP, 09/02/2012, Economia, p. B6
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