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'Achava que era exagero da mídia, que era tudo fantasia'

OESP, Vida, p. A38
22 de Out de 2007

'Achava que era exagero da mídia, que era tudo fantasia'

Porto Velho

O desmatamento epidêmico em Rondônia foi apresentado sem retoques, na semana passada, ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, que percorreu a região amazônica. Um dos cicerones do ministro foi o comandante do 6o Batalhão de Infantaria de Selva, tenente coronel Paulo Eduardo Monteiro, que está localizado em Guajará Mirim, a 340 quilômetros de Porto Velho, na fronteira com a Bolívia.

Na quarta-feira, Monteiro começou lembrando que 15 dias antes não se enxergava nada na região, tantas eram as queimadas. Segundo o coronel, os madeireiros entram na terra indígena ou na área de conservação durante o dia, quando fazem o corte; à noite, os caminhões passam para recolher a madeira. "O que acontece aqui é escandaloso", afirmou.

Paulo Eduardo Monteiro já teve uma visão diferente sobre o que acontecia em Rondônia. "Antes de chegar aqui, quando falavam em desmatamento na Amazônia, quando via isso na TV, achava que era exagero da mídia, que era tudo uma coisa fantasiosa. Ao contrário: nada do que estou vendo aqui é mostrado. Há um completo desconhecimento no resto do País sobre o que acontece neste Estado. Ninguém fala deste desmatamento aqui", afirmou o coronel.

A falta de efetivo na região para combater incontáveis crimes foi a principal queixa apresentada ao ministro durante a viagem de uma semana percorrendo 17 organizações militares. O comandante da 17ª Brigada de Infantaria de Selva, general Luiz Alberto Martins Bringel, defendeu a necessidade de instalação de um novo quartel na área onde serão construídas as hidrelétricas do Rio Madeira.

Segundo o general Bringel, a região entrará em um período de forte desenvolvimento, impulsionado por grandes obras de infra-estrutura, principalmente as Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau. Depois de lembrar que, no pico da obra de construção das usinas, serão instalados no local 20 mil trabalhadores em cada hidrelétrica, o general disse ser necessária uma reavaliação sobre a tropa do Exército na área.

Bringel cita um agravante em relação a Rondônia para defender a instalação de novos quartéis na região da construção das usinas: ficam perto da fronteira, onde, naturalmente, já existem problemas de circulação de pessoas legais e ilegais.

O superintendente da PF, Sérgio Fontes, reforçou as preocupações citando a tensão permanente que existe em torno do garimpo Rosevelt. "Minha maior dor de cabeça é a reserva Roosevelt", disse. Na região, são os cintas-largas que exploram os minerais na área indígena, tentando até impedir a polícia de entrar na reserva.

"Temos de proteger a reserva dos próprios índios", contou, lembrando que, no início do mês, o próprio filho do cacique da reserva foi preso com 24 diamantes. Pagou fiança e foi liberado.

OESP, 21/10/2007, Vida, p. A38

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