VOLTAR

60% das cidades do País não possuem órgão federais

OESP, Política, p. A8
17 de Abr de 2014

60% das cidades do País não possuem órgão federais
Segundo pesquisa do IBGE, na maioria dos municípios brasileiros moradores não têm acesso a postos e serviços da União

Daniela Amorim - Agência Estado

Mais de 60% dos municípios brasileiros não possuem qualquer posto de atendimento dos principais órgãos públicos federais do País. Os moradores precisam se deslocar aos municípios vizinhos para conseguir acesso aos serviços de órgãos como o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Secretaria da Receita Federal e Tribunais Regionais do Trabalho.
A informação foi levantada pela pesquisa Redes e Fluxos do Território: Gestão do Território, divulgada nesta quarta-feira, 16, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dados do levantamento mostram que apenas 39,6% dos municípios brasileiros podem ser considerados centros de gestão pública, o que significa que os outros 60,4% não possuem nenhuma representatividade ou ficam totalmente de fora da estrutura de ligação entre importantes instituições públicas nacionais.

Capilaridade. O estudo analisou apenas a presença em território brasileiro de órgãos federais com considerável capilaridade: IBGE, INSS, Justiça Federal, Ministério do Trabalho e Emprego, Secretaria da Receita Federal, Tribunais Regionais Eleitorais e Tribunais Regionais do Trabalho.
"Essas instituições dão um retrato da presença do Estado nesses municípios", explicou Claudio Stenner, coordenador de Geografia da Diretoria de Geociências do IBGE.
"Mas não temos uma análise quantitativa, não verificamos se esses serviços estão sendo bem representados. Nosso objetivo foi simplesmente retratar onde existe a presença dos pontos de comando", ponderou Stenner.
A região Centro-Sul mostra uma concentração aparentemente maior de municípios excluídos da gestão pública. Entretanto, o pesquisador explica que a área possui uma maior quantidade de municípios pequenos, mas que estão muito próximos a outros municípios com forte presença desses órgãos federais. "A distância entre os municípios é muito pequena, o que facilita a articulação entre as instituições presentes", apontou o coordenador do IBGE.

Lider. Como esperado, Brasília lidera o ranking de municípios centralizadores da gestão pública. "É de lá que emanam as principais decisões que afetam todo o território nacional", apontou Paulo Wagner Marques, tecnologista em Informações Geográficas e Estatísticas do IBGE.
O município do Rio de Janeiro figura em segundo lugar na lista, por contar com postos de atendimento e até sedes de órgãos importantes entre os pesquisados, como o próprio IBGE. "O Rio de Janeiro também tem papel de destaque na gestão pública, como um resquício da época em que era capital do País", lembrou o tecnologista do instituto.

São Paulo e Rio, os centros de gestão mais importantes
Estudo mostra influência do Sudeste na vida de outras regiões, mas destaca Brasília por concentrar poder público

O município de São Paulo é o maior concentrador da gestão empresarial no País. As decisões tomadas pelas empresas localizadas na cidade afetam diretamente 1.442.425 de trabalhadores espalhados por outros municípios brasileiros, segundo a pesquisa Redes e Fluxos do Território: Gestão do Território, divulgada pelo IBGE.
"O estudo mostra uma forte dependência das demais regiões brasileiras face ao Sudeste, onde estão as sedes das empresas às quais esses funcionários estão subordinados", apontou Ronaldo Cerqueira, tecnologista em Informações Geográficas e Estatísticas do IBGE.
Nesse ranking da gestão empresarial, o Rio de Janeiro fica logo atrás de São Paulo, como o segundo principal município. As empresas lotadas no Rio gerenciam 580.019 trabalhadores de empresas de outros municípios. Já as de Brasília gerenciam 390.775 trabalhadores que vivem em outros lugares.
O estudo define como "assalariados externos" os trabalhadores de empresas cujas sedes estão em outros municípios. A pesquisa permite entender de que forma uma cidade pode influenciar diretamente na vida das outras, na medida em que a população ocupada em filiais depende de decisões tomadas em sedes distantes. O levantamento não leva em consideração ligações indiretas, como trabalhadores e serviços terceirizados.

Riquezae poder.
"São Paulo e Brasília estão no topo da rede nacional de gestão de território. São Paulo porque tem grande concentração de riquezas, Brasília por sua grande concentração do poder público", afirmou Marcelo Motta, gerente da pesquisa. O Rio, segundo ele, aparece em terceiro lugar por ter ainda grande quantidade de funcionários públicos, uma herança de sua condição de antiga capital do País.
O coordenador de Geografia do IBGE, Claudio Stenner, considera o estudo importante para entender como se dá o fluxo de informações entre os municípios. "Para entender o País, é importante entender como as cidades se articulam umas com as outras", declarou. /D.A.

OESP, 17/04/2014, Política, p. A8

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,ibge-60-das-cidades-nao-tem-pr…

http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,com-maior-concen…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.