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25 espécies raras ou extintas foram achadas no anel viário

FSP, Cotidiano, p. C7
10 de Abr de 2010

25 espécies raras ou extintas foram achadas no anel viário

Cristina Moreno de Castro
Colaboração para a Folha

Dado como extinto -já que não era visto desde 1836-, o arbusto de flores lilases Microlicia myrtoidea foi encontrado em meio às obras do Rodoanel, há cerca de um mês.
Desde que a construção do trecho sul começou, em 2007, esse arbusto e outras 24 espécies de plantas consideradas extintas, ameaçadas de extinção ou muito raras foram coletadas naquelas matas que virariam 57 km de asfalto.
A primeira descoberta foi em outubro de 2007. Pesquisadores do Instituto de Botânica (órgão estadual), contratados pela Dersa para minimizar o impacto na flora da região do Rodoanel, acharam uma moita da bromélia Tillandsia linearis, também considerada extinta: não era vista há 50 anos.
A riqueza da biodiversidade naquela região, com flora principalmente da mata atlântica, surpreendeu os biólogos do instituto. "Existia uma expectativa não muito boa de se encontrar tanta preciosidade, como encontramos lá", disse Luiz Mauro Barbosa, diretor do Centro de Pesquisa do Jardim Botânico e Reservas, que coordena o trabalho com a flora no Rodoanel. Para ele, essas 25 espécies raras são um número alto e seu grupo "provavelmente vai encontrar bem mais".
Uma planta resgatada pode ser realocada em matas próximas, encaminhada para viveiros ou ficar no Instituto Botânico para estudos. Se corre risco de extinção, os botânicos tentam multiplicar as sementes para salvar a espécie.
Nem sempre são bem-sucedidos: 60% das plantas realocadas em época de seca não sobreviveram (20%, se em época de chuva). A palmeira Lythocaryum hoehnei, por exemplo, apresentou baixo índice de sobrevivência depois de resgatada, segundo a lista de plantas raras fornecida pelo instituto.
Esse percentual de sobrevivência é bom, defende Barbosa. "Talvez 40% que a gente faça virar árvore é mais do que a natureza faria no mesmo lugar."
O trabalho do grupo envolve três frentes: identificação da flora, resgates de todos os arbustos e epífitas (plantas que se apoiam em árvores, como a maioria das orquídeas e bromélias) e reflorestamento.
Árvores não são resgatadas e acabaram inevitavelmente derrubadas pelas obras. Mas, de acordo com Barbosa, se espécies ameaçadas de extinção eram encontradas, elas também tinham as sementes multiplicadas e atenção especial.
Foi preciso desmatar 212 hectares de matas para a construção do trecho sul do Rodoanel. Segundo Barbosa, 1.016 hectares de áreas próximas com pastagens serão reflorestados para compensar a perda.

FSP, 10/04/2010, Cotidiano, p. C7

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