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22 etnias da Amazônia estão em perigo de extinção

Adital-Fortaleza-CE
15 de Dez de 2003

A Associação Latino-Americana de Direitos Humanos (ALDHU), criada no Equador e com uma filial neste país há 13 anos, apresentou recentemente um relatório sobre algumas das etnias da Amazônia, que contam com menos de mil e, às vezes, menos de 100 membros. Atualmente, existem 22 povos indígenas da Amazônia colombiana que estão em perigo de extinção devido à desatenção do Estado e ao conflito armado.

O relatório denominado "A Agonia do Jaguar: Direitos Humanos dos Povos indígenas da Amazônia colombiana" afirma que esses 22 grupos aborígines podem ter a mesmo fim das 90 tribos que devido a doenças e colonizadores, desapareceram desta zona ao longo do século XX. Realizado com o patrocínio da União Européia, o estudo é resultado do trabalho de um ano e meio, por indígenas das comunidades habitadas no território colombiano. Durante este trabalho, eles entrevistaram em suas próprias línguas aos principais líderes de diversas etnias com uma população total de 98 mil e 580 membros.

Entre os 22 povos aborígines que estão em perigo de extinção, segundo a ALDHU, estão os Taiwamo, com apenas 22 integrantes, Makaguaje, Pisamira, Piaroa, Muinane e Jupda (menos de 100); e Tucano, Ticuna, Curripaco y Witoto (passam apenas de sete mil). O organismo humanitário completa que comunidades como os Embera ou os Paez (Nasa), que têm um número importante fora da Amazônia, e outros como os Cocama, Ticuna e Pairoa, estão na Venezuela, Peru e Brasil. Os dados recolhidos pelo estudo refletem que dos 490 Nukak, 40 estão desabrigados e os Cofán, que são 1.271, simplesmente 26 foram assassinados em cinco anos.

O relatório sustenta que muitos problemas acontecem devido à falta de ação do governo, que não reconhece que as entidades indígenas são entidades públicas e que aprová-las é construir o Estado. O documento ainda completa que as autoridades não conhecem a realidade cultural e ecológica da zona. Darío Villamizar, diretor executivo da ALDHU, afirmou que, entre 1999 e 2003, cerca de 300 indígenas foram assassinados, o que representa uma taxa de 276,9 por cem mil habitantes, mais de quatro vezes e meia a taxa nacional. Cerca de uma quinta parte era autoridades de tribos. Também confirmou o deslocamento de 725 mil indígenas por conta da violência, ou seja, 1,74% da população indígena da Amazônia, umas três vezes mais que a média nacional de 2002.

O relatório da ALDHU destaca que ações militares em territórios de culto, ocupação do território tradicional, controle de entrada de alimentos e combustíveis por parte dos grupos irregulares e do exército, recrutamento forçoso de crianças e regimes de terror impostos em alguns lugares pelos paramilitares são o pão de cada dia em muitas zonas da Amazônia. A entidade responsabiliza a falta do Estado, o conflito armado e os cultivos ilícitos de coca e amapola responsáveis pela atual situação dos índios da Amazônia.

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