VOLTAR

2010 pode ser o ano mais quente da história

OESP, Vida, p. A30
03 de Dez de 2010

2010 pode ser o ano mais quente da história
Década registra maiores temperaturas desde 1850; cientista brasileira pede novo tratado

Afra Balazina
Enviada especial / Cancún

O ano de 2010 pode se tornar o mais quente da história. Por enquanto, 1998 e 2005 estão à frente. A afirmação foi feita por Michel Jarraud, secretário-geral da Organização Mundial de Meteorologia, durante a Conferência do Clima da ONU em Cancún (COP-16).
Entre janeiro e outubro, a temperatura mundial ficou 0,55oC acima da média anual entre 1961 e 1990, de 14oC. Em 1998 foi 0,53oC superior à média e em 2005, 0,52oC. Esta década foi a mais quente desde que as medições começaram, em 1850.
Segundo Jarraud, várias regiões apresentaram temperaturas acima da média, como a África e partes da Ásia e do Ártico. Grande parte do Canadá e da Groenlândia tiveram temperaturas até 3oC acima do normal. Ele ressaltou a importância de observar o cenário completo, já que algumas áreas tiveram temperaturas menores que a média. "Em alguns lugares podemos ter a impressão de que houve um esfriamento, mas isso não reflete o clima global", afirmou.
"Kyoto não adianta." O Protocolo de Kyoto não é a solução para a questão climática e os países devem se empenhar em outro tratado que coloque todas as nações no mesmo barco. É a opinião da pesquisadora Suzana Kahn, ex-secretária nacional de Mudanças Climáticas e integrante do Painel do Clima da ONU. A posição é polêmica, já que o governo brasileiro defende a continuidade de Kyoto.
A declaração é motivada por um impasse. Enquanto os países pobres brigam para firmar um segundo período de compromisso no tratado (o primeiro se encerra em 2012), o Japão disse que não colocará suas metas de corte de gases-estufa dentro de Kyoto "sob nenhuma circunstância". A União Europeia se diz favorável a Kyoto, mas não quer ser a única a ter de cumpri-lo. Os EUA não ratificaram o tratado e a China não tem meta de redução de gases-estufa.
"Eu faria a mesma coisa que o Japão. Para que ficar cheio de regras e metas se os americanos e chineses estão livres para emitir quanto quiserem?", questionou Suzana. Ela ressalta que Kyoto, sem os maiores emissores, acaba tratando de menos de um terço das emissões. "Para clima não adianta", afirma.

Impactos neste ano
Ondas de calor
Em Moscou, as temperaturas em julho ficaram 7,6oC acima da média. Houve um recorde de calor no dia 29, com 38,2oC, e temperaturas superiores a 30oC foram alcançadas em 33 dias consecutivos. Nenhum dia em 2009 superou 30oC. Cerca de 11 mil mortes em Moscou foram atribuídas ao calor extremo.

OESP, 03/12/2010, Vida, p. A30

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101203/not_imp648834,0.php

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.