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1 de cada 4 mamíferos corre risco de extinção

OESP, Vida, p. A20
07 de Out de 2008

1 de cada 4 mamíferos corre risco de extinção
População de metade das espécies diminui a cada ano

Alexandre Gonçalves

Um quarto dos mamíferos terrestres está ameaçado de extinção e a população de metade das espécies diminui a cada ano. A situação é ainda pior para os mamíferos aquáticos: um a cada três corre o risco de desaparecer.

O alerta foi dado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que divulgou ontem a atualização da lista vermelha dos seres vivos em perigo (www.iucnredlist.org) durante o congresso internacional da entidade, em Barcelona (Espanha). Segundo o levantamento da IUCN, das 44.838 espécies de seres vivos (que incluem, além dos mamíferos, outros grupos, como plantas), 16.928 estão ameaçadas (38%).

Os mamíferos mereceram este ano uma atenção especial, com a apresentação do estudo mais completo sobre a situação das 5.487 espécies do grupo. O trabalho será publicado na revista Science na sexta-feira e contou com informações prestadas por mais de 1,7 mil cientistas de 130 países. Demorou cinco anos para ficar pronto.

O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Gustavo Fonseca, por exemplo, ficou responsável por consolidar as informações relativas ao grupo dos edentados - tatus, preguiças e tamanduás. Ele afirma que o trabalho não traz surpresas quanto ao bioma onde os mamíferos correm maior perigo no Brasil: a mata atlântica, onde a rica biodiversidade é pressionada por um processo de degradação acentuado. No mundo inteiro, a perda de hábitats afeta 40% das espécies de mamíferos, especialmente nas regiões tropicais.

Patrícia Medici, cientista do Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê), coordenou o grupo que reuniu informações sobre antas. Existem quatro espécies no mundo. Só a anta sul-americana está classificada como "vulnerável": não corre risco imediato de extinção, mas pode desaparecer em alguns ecossistemas. As demais estão classificadas como "em perigo". Como 17% dos mamíferos, elas sofrem a pressão da caça predatória.

A pesquisadora Liza Veiga, do Museu Paraense Emílio Goeldi, participou do trabalho coletando informações sobre primatas do Brasil. Ela lamenta a falta de pesquisadores que atuem na área, especialmente na Amazônia. Segundo o estudo da IUCN, os animais menos conhecidos - identificados depois de 1992 - são também os mais ameaçados - cerca de 51% das espécies recém-descobertas correm perigo.

OESP, 07/10/2008, Vida, p. A20

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