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Os Kaxinawá de Felizardo: correrias, trabalho e civilização no Alto Juruá.

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Este trabalho tem como foco o estudo de um tipo específico de mediação entre organismos governamentais; patrões seringalistas e índios Kaxinawá ocorrido nas três primeiras décadas do século XX; na região do alto rio Juruá; no Território Federal do Acre. Dois principais contextos atravessam e subsidiam a análise. O primeiro é a implantação da empresa seringalista; a dinâmica da atividade caucheira e as conseqüências das "correrias"; expedições armadas promovidas pelos patrões; sobre os povos indígenas. O segundo é relativo à institucionalização do governo federal no Departamento do Alto Juruá; à definição da fronteira do Brasil com o Peru e à posterior demarcação física desse limite internacional. A atuação do governo federal nessa região fronteiriça é enfocada a partir de um conjunto diverso de propostas formuladas para a proteção; "catequese" e "civilização" dos índios. Primeiramente abordam-se as ações implementadas pela Prefeitura do Alto Juruá e a Comissão de Obras Federais no Território Federal do Acre na segunda metade dos anos de 1900. A seguir são analisadas as diretrizes e os resultados da atuação do Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais (SPILTN); e depois do SPI; no Alto Juruá. Diferentes formas de mediação exercidas pelo "catequista de índios" Felizardo Avelino de Cerqueira; aproveitando oportunidades abertas por ações de órgãos do governo federal e por iniciativas conjuntas com os patrões seringalistas e caucheiros; serão tomadas como eixo da discussão sobre os processos que resultaram na incorporação de um grupo de famílias Kaxinawá em diferentes atividades nos rios Envira e Jordão. Em termos de referenciais; este trabalho dialoga com as teorias sobre a aplicação da tutela aos indígenas brasileiros; observando a sua peculiaridade numa situação de fronteira internacional e com o funcionamento da empresa seringalista.