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'Não há índio sendo molestado', diz Lobão

O Globo, Economia, p. 27
30 de Nov de 2011

'Não há índio sendo molestado', diz Lobão
Declaração de ministro sobre a situação nos canteiros de obras de Belo Monte revolta sindicalistas

Mônica Tavares
monicao@bsb.oglobo.com.br

BRASÍLIA. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, chamou ironicamente ontem de "gênios" os integrantes de organizações não governamentais (ONGs) que vêm fazendo campanha contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Lobão, que participou de abertura de seminário sobre a Lei do Gás na sede do ministério, contou que esteve recentemente em duas universidades dos Estados Unidos e ficou surpreso com a desinformação sobre a questão, não dos professores e dos alunos, mas justamente destes grupos.
- Não há nenhum índio sendo molestado pela construção de Belo Monte, nenhum operário é tão bem tratado quanto na construção de nossas hidrelétricas. Eles têm ônibus, alojamento e refeitório refrigerados e vão duas vezes por ano de avião às suas cidades de origem com despesas pagas pela construtora - garantiu o ministro para depois emendar que foi abordado por participantes de ONGs, que, segundo ele, teriam se infiltrado nas palestras e disseram que os brasileiros vão "afogar os índios todos e acabar com as vidas de trabalhadores".
Para Lobão, a resistência em relação às hidrelétricas brasileiras tem outra origem:
- Isto tem um pouco de inveja, porque o Brasil avança, graças a Deus para o nosso destino. Caminhamos para ser a quarta ou a quinta economia do mundo e esta gente odeia esta ideia. Mas nós chegaremos lá!
Os 1.800 trabalhadores do principal canteiro de obras da usina de Belo Monte estão parados desde a última sexta-feira. As negociações, que estão sendo feitas no mês da data-base, entre os empregados e o consórcio construtor (CCBM) continuavam ontem à noite. Atnágoras Lopes, coordenador nacional da Conlutas, prometeu uma reação nas redes sociais.
Para evitar tumulto, consórcio para a operação
Os empregados estão reivindicando aumento salarial, ampliação do recesso de fim de ano e maior número de dias para a chamada embaixada, período que a empresa libera os trabalhadores de outras cidades para visitar as famílias.
Apesar de apenas 10% dos trabalhadores terem cruzados os braços, o consórcio construtor de Belo Monte decidiu suspender totalmente as atividades no canteiro principal do empreendimento. A atitude preventiva visa a evitar ocorrências como as de março deste ano na usina de Jirau, que está sendo construída no Rio Madeira, em Rondônia.
Na época, insatisfeitos com os salários e as condições de trabalho, operários dos canteiros da hidrelétrica atearam fogo a ônibus e destruíram alojamentos, entre outros confrontos.

O Globo, 30/11/2011, Economia, p. 27

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