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Relatório de 2011 já falava em risco de desabastecimento

FSP, Cotidiano, p. C3
06 de Out de 2014

Relatório de 2011 já falava em risco de desabastecimento
Documento da Sabesp afirma que companhia operava com deficit de 1.500 litros por segundo entre oferta e demanda
Segundo estudo, chuvas, abastecimento falho e picos de produção contribuíram para que não faltasse água antes

Heloisa Brenha de São Paulo

Chuvas, picos de produção e abastecimento falho para 3,7 milhões de pessoas. Essas são as razões apontadas em relatório da Sabesp para que a falta de água não atingisse a Grande São Paulo já em 2010, antes da atual crise hídrica.
Elaborado em 2011, o documento afirma que a companhia estadual estava operando no ano anterior com deficit de 1.500 litros por segundo entre a demanda e a oferta de água estimadas para a região metropolitana.
Segundo o estudo, só não faltou água porque a situação hidrológica era "favorável"; porque "alguns sistemas podem eventualmente produzir acima da sua capacidade"; e porque "subsistem problemas de suprimento de água" em áreas "que abrangem 3,7 milhões de habitantes".
Esses problemas, causados "por limitações de capacidade ou falhas na adução [condução da água na rede]", fizeram com que a demanda potencial de água dessa população não se manifestasse "de forma integral", gerando uma "demanda reprimida".
Sem ela, o estudo aponta que o volume de água disponível para a Grande São Paulo (então de 65.500 litros por segundo) teria sido insuficiente já em 2010, ano em que o sistema Cantareira operou com níveis superiores a 70%.
O relatório ainda diz que esse deficit tendia a aumentar nos anos seguintes, chegando a um máximo de 5.800 litros por segundo em 2015 --água suficiente para atender 1,7 milhão de pessoas.
Em 2014, mananciais que abastecem a Grande São Paulo foram atingidos por uma severa seca. O principal deles, o Cantareira, operava neste domingo (5) com 6% de sua capacidade de armazenamento, o pior nível da história.

DEMANDA
O relatório, feito por duas firmas de engenharia e endossado pela Sabesp, estuda o impacto ambiental do sistema São Lourenço, maior obra para reforçar o abastecimento da região metropolitana.
O documento analisa demandas e ofertas de água estimadas em planos de abastecimento. A Sabesp diz que um dos planos é de 2006 e que, desde então, houve "novas obras e medidas" e que "o cenário hoje é muito diferente".
A estatal diz que o documento apresentava "os cenários mais desfavoráveis" e que as demandas são hoje menores do que o previsto. Pelo relatório, elas estariam entre 71 mil e 74 mil l/s em 2014.
Segundo a Sabesp, mesmo com o aumento de clientes, a demanda teria caído para cerca de 63 mil l/s devido a "ações como a redução de perdas", provocadas por vazamentos e furtos de água, por exemplo.
Especialistas avaliam que a redução de perdas, embora expressiva (entre 2009 e 2013, elas caíram de 25,9% para 24,4%), não foi suficiente para diminuir tanto a demanda.
"Grosseiramente, a demanda está sendo atendida, mas o preocupante é que, para isso, os sistemas produzem no limite", afirma o professor da Poli-USP Rubem Porto.
A Sabesp diz ter feito obras que elevaram de 57.200 para 73.300 l/s a capacidade produtiva dos sistemas que atendem a região metropolitana.

Volume morto 2
Sabesp entrega relatório para ANA
A Sabesp deve entregar nesta segunda (6) à ANA (Agência Nacional de Águas) o novo plano de operação do sistema Cantareira. O plano foi a condição imposta pela agência para avaliar a autorização do uso da segunda cota do volume morto, reserva que fica abaixo dos dutos de captação. Desde maio, a Sabesp abastece a Grande SP com a água da primeira cota do volume morto.

FSP, 06/10/2014, Cotidiano, p. C3

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/189213-relatorio-de-2011-ja-…

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/189214-sabesp-entrega-relato…

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