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Núcleo quer assumir educação de índios

Gazeta do Povo-Curitiba-PR
Autor: Guido Orgis
30 de Set de 2003

Escolas indígenas atendem 2,5 mil alunos

Nelson Vargas, cacique guarani de São Jerônimo da Serra: despreparo.

A Secretaria de Estado da Educação (Seed) planeja assumir as escolas indígenas no Paraná. Hoje, elas são administradas pelos municípios. Com isso, o estado tentaria resolver problemas, como a estrutura deficitária, que hoje são motivos de reivindicações dos índios. Para criar propostas nessa área, foi estruturado o Núcleo de Educação Indígena (NEI). "Queremos estadualizar as escolas, que hoje funcionam em condições precárias", diz Luli Miranda, coordenadora do NEI. A idéia foi apresentada ontem, em uma reunião com representantes de aldeias e organizações não-governamentais que trabalham com os índios.

Segundo Luli, não foi estabelecido um prazo para a estadualização, pois a realização da proposta depende dos prefeitos. A coordenadora do NEI afirma que a burocracia para a mudança é grande e envolve a arrecadação das cidades. Os municípios recebem verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef) e teriam de abrir mão de parte desses recursos para que o governo estadual passe a ser responsável pelas 27 escolas indígenas do Paraná, que atendem 2,5 mil alunos.

Os índios reclamam que os governos municipais deixaram de investir nas escolas das aldeias. "O dinheiro é repassado para as prefeituras e elas muitas vezes deixam a desejar", afirma Valdir José Kokoj dos Santos, presidente do Conselho Indígena de Guarapuava. "O governo do estado vai ter o compromisso de agir."

O cacique guarani Nelson Vargas, da aldeia de São Jerônimo da Serra, diz que faltam materiais na escola que atende as 130 crianças da aldeia. Além disso, os jovens só podem estudar ali até a 4.ª série do ensino fundamental. "Depois disso eles vão à escola na cidade, que exige um preparo que eles não têm. É difícil eles se adaptarem", afirma o cacique.

Além do investimento em infra-estrutura, o NEI estuda implantar mais cursos de 5.ª a 8.ª séries e dar treinamento para os professores que ensinam nas aldeias. "Vamos firmar uma parceria com a UFPR (Universidade Federal do Paraná) para que eles tenham uma formação diferenciada", explica Luli Miranda. Atualmente, a maioria dos docentes não é formada em Pedagogia. O curso na UFPR deve englobar o ensino das línguas indígenas.

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