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Mortes na Terra Yanomami têm queda de 10% em 2023

O Sul - osul.com.br
14 de Jan de 2024

Dados do Ministério da Saúde mostram que as ações para combater a desassistência aos Yanomami impactaram na queda de apenas 10% nos casos fatais se comparados ao ano de 2022, quando 343 indígenas morreram. A redução, no entanto, não é suficiente e os indígenas ainda cobram o fim do garimpo ilegal na região e avanços eficazes na saúde do povo Yanomami.

"Ainda tem muitos garimpeiros na Terra Yanomami, muita morte. O governo federal tem que retirar os garimpeiros da Terra Yanomami para melhorar [a situação], com isso vamos recuperar a saúde, a vida das crianças e das mulheres", afirmou Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, a mais representativa organização desse povo.

Imagens registradas na última semana de dezembro de 2023 e no início deste mês de janeiro, quando a crise completa um ano, mostram crianças e adultos vítimas de desnutrição, uma das doenças que mais acometem os indígenas dentro da Terra Indígena (TI) Yanomami.

Meninos e meninas, de idades variadas, aparecem nas imagens com baixo peso, ossos aparentes à pele, sem massa muscular e que mal conseguem se manter de pé, internadas no posto de saúde de Surucucu, unidade referência em saúde no território.

O território é alvo há décadas do garimpo ilegal, mas a invasão se intensificou nos últimos anos. A atividade impacta diretamente o modo de vida dos povos originários, isto porque a invasão destrói o meio ambiente, causa violência, conflitos armados e poluição dos rios devido ao uso do mercúrio.

Além de destruir o meio ambiente, a invasão de garimpeiros impacta no aumento de doenças dentro do território. Isso, em conjunto com a escassez de recursos naturais essenciais à sobrevivência dos indígenas na floresta, resulta na morte dos Yanomami, principalmente dos mais vulneráveis: as crianças.

"Malária tem cura, pneumonia tem cura. E mesmo assim os Yanomami continuam morrendo. Isso a gente não entende", afirmou o líder Dário Kopenawa.

Para se ter ideia, dos 308 indígenas Yanomami que morreram no ano passado, 104 são crianças com menos de um ano, o que corresponde a 33,7% das vítimas. Além disso, 58 vítimas tinham idades entre 1 e 4 anos e outros 13 indígenas tinham de 5 a 9 anos.

Doenças tratáveis

A malária, a desnutrição severa e infantil são algumas das principais doenças enfrentadas pelos indígenas no território Yanomami. Em 2022, foram confirmados mais de 11,5 mil casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y) na região.

Só em 2022, segundo o governo federal, 99 crianças Yanomami morreram - a maioria por desnutrição, pneumonia e diarreia, que são doenças evitáveis. Sem um tratamento adequado, a desnutrição grave afeta todos os órgãos da pessoa, principalmente das crianças, o que pode resultar em óbito.

As doenças do aparelho respiratório foram as principais causas das mortes registras em 2023, de acordo com o último informe mensal de assistência a saúde, divulgado em dezembro do ano passado pelo Ministério da Saúde.

Em 2023, foram 66 mortes relacionadas a problemas no sistema respiratório. Ainda conforme o boletim, em segundo lugar estão as causas externas de morbidade e de mortalidade, como causa de 65 óbitos.

Em terceiro aparecem as doenças infecciosas e parasitarias, como a malária, com 63 mortes. Na lista também estão doenças endócrinas e nutricionais, como a desnutrição, e metabólicas, como causas de 35 óbitos.

Os sintomas, sinais, achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outras partes, resultaram na morte de 25 pessoas. Outras doenças, que não foram descritas, causaram a morte de 54 indígenas em 2023.

Ações de combate

Para evitar a evolução dessas doenças, o governo federal aumentou a quantidade de profissionais da saúde no território durante o decreto de emergência. Segundo o informe mensal de dezembro, 1.850 profissionais de saúde foram mobilizados para atuar dentro da TIY e na Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanomami (Casai), localizada na zona Rural de Boa Vista, capital de Roraima, durante todo o ano passado - desses, a maioria eram enfermeiros.

O efetivo é quase três vezes maior que o do mesmo período de 2022. À época, cerca de 690 profissionais de saúde atuavam na região, ou seja, são mais de 1.160 servidores.

Além disso, também foram reabertos sete Polos-Base e Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI), totalizando 68 estabelecimentos de saúde com atendimento na TIY. Em fevereiro de 2023, eram apenas 37 unidades para todo o território.

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