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30 de Out de 2024
Txai Suruí protesta contra marco temporal e é cercada por seguranças da ONU na COP16
Ativista diz que foi impedida de se manifestar e machucada; OUTRO LADO: organização do evento não respondeu
João Gabriel
30/10/2024
A ativista indígena Txai Suruí, colunista da Folha, diz que foi impedida de realizar um protesto contra o marco temporal durante a conferência de biodiversidade COP16, da ONU (Organização das Nações Unidas), que acontece em Cali, na Colômbia.
Txai estava na área de acesso controlado do evento, no final da tarde desta quarta-feira (30), quando começou uma manifestação com cartazes contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que institui o marco e que está em tramitação no Congresso.
Então a segurança da ONU a cercou. A ativista diz que teve suas credenciais arrancadas pelos funcionários e que foi lesionada no braço durante a abordagem.
"Eles não querem nos ouvir. Quando falamos, é isso que eles fazem", gritou ela após ser cercada pelos seguranças.
Representantes da diplomacia brasileira e dos ministérios dos Povos Indígenas e do Meio Ambiente foram acionados, passaram a intermediar as conversas, e a equipe médica da COP16 foi acionada.
Procurada, a organização do evento não se manifestou até a publicação.
A ativista foi então levada para uma sala de atendimento médico e depois liberada, ao lado da ministra Marina Silva. Suas credenciais do evento foram devolvidas.
Na noite desta quarta-feira, Marina Silva afirmou que a organização do evento se desculpou pelo ocorrido. "Eles disseram que foi uma ação desproporcional", contou.
A ministra demonstrou preocupação com o protocolo de segurança da ONU, uma vez que, na COP30, conferência do clima que será realizada em Belém em 2025, "vai ter centenas de milhares de populações indígenas e de outros movimentos fazendo manifestações".
Pelas regras da ONU, é necessária autorização para realizar protestos durante os seus eventos e eles não podem ter como tema questões nacionais.
Marina disse que uma revisão dos protocolos para a COP30 será estudada.
"Os cuidados serão redobrados para poder fazer as avaliações de acordo com cada situação que se coloca, claramente não tinha nenhuma situação de risco ali para a atitude que foi tomada", afirmou.
Thiago Karai Djekupe, liderança guarani que acompanhava a manifestação, narra que o grupo de seguranças agiu de forma violenta.
"Eles cercaram a gente com a segurança e continuaram apertando nosso braço, continuaram nos empurrando, e a gente não estava mais protestando. A Txai só pediu socorro porque estava sofrendo essa violência. Não era mais um protesto, já era um pedido de socorro pela violência", afirmou.
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