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Sem alternativas

FSP, Opinião, p. A2
25 de Mai de 2007

Sem alternativas

Energia é condição "sine qua non" do desenvolvimento econômico sustentável. Por isso mesmo o tema se torna cada vez mais preocupante no governo Lula -não só quanto ao futuro de seu tardio PAC e ao fantasma de um apagão, mas pela incapacidade de liderar um programa conseqüente de fomento a formas alternativas de energia.
O Brasil larga em vantagem, em matéria de geração de energia elétrica de fontes renováveis. Usinas hidrelétricas representam aqui 85% da matriz energética (a média mundial é 13%). Já no setor das fontes alternativas, como a eólica, o país engatinha.
O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa), lançado em 2002, tinha por meta criar uma potência instalada de 3.300 megawatts com turbinas de vento, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e queima de biomassa. Como mostrou o jornal "Valor Econômico" de ontem, a capacidade instalada está em 860 megawatts. Vale dizer, só 26% da meta fixada.
Podem-se buscar várias razões para tal atraso, da reformulação do projeto originário da gestão Fernando Henrique Cardoso pela equipe de Dilma Rousseff a exigências tidas como excessivas, por parte do BNDES, para financiar os projetos. Mais importante é perceber que a lentidão decorre da timidez e da falta de prioridade. Os 3.300 megawatts do Proinfa representariam uma expansão de capacidade inferior àquela de que o país precisa a cada ano, caso pretenda de fato crescer a taxas de 4% ou 5%.
Faz tempo que as fontes alternativas deixaram de ser utopia. Com a crescente preocupação acerca da mudança climática global, expandir o uso de energias renováveis é um imperativo. Sem as fontes alternativas, e com restrições ambientais crescentes a hidrelétricas de grande porte, resta a opção de termelétricas a combustíveis fósseis ou nuclear -um verdadeiro retrocesso.

FSP, 25/05/2007, Opinião, p. A2

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