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PF apreende 6,5 toneladas de agrotóxico do Paraguai

FSP, Dinheiro, p. B15
29 de Ago de 2006

PF apreende 6,5 toneladas de agrotóxico do Paraguai
Produto havia sido contrabandeado do vizinho e fora fabricado na China

Produtores de MT pedem que governo federal libere mais genéricos para os defensivos agrícolas, o que baratearia seu custo

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Polícia Federal apreendeu, desde o dia 20 passado, 6,52 toneladas de agrotóxicos contrabandeados do Paraguai, além dos 930 kg pegos no início do mês pela Polícia Rodoviária Federal. O destino de ao menos 2,7 toneladas, segundo a PF, era Mato Grosso, o maior produtor de soja e algodão do país.
Agricultores mato-grossenses reclamam que o governo federal deveria criar uma série de agrotóxicos genéricos, permitindo redução nos preços e pondo fim aos atrativos do contrabando. Na Argentina e no Paraguai, os defensivos agrícolas custam um terço do preço brasileiro.
"Os registros de novos genéricos demoram dez anos e não saem. Acho que o próprio governo é o cúmplice dessa história [de contrabando]", afirmou o vice-presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja) de Mato Grosso, Nadir Sucolotti.
Ele disse, porém, não ter conhecimento de uso de agrotóxicos contrabandeados.
As apreensões ocorreram em Mato Grosso do Sul e Paraná, na região de fronteira com o Paraguai. O valor das 6,52 toneladas e dos 930 kg chega a R$ 5 milhões. As 2,7 toneladas que seriam levadas para Mato Grosso foram apreendidas em Guaíra (PR).
"A carga era composta por quatro tipos de venenos, todos de fabricação chinesa", informou a PF, acrescentado que os produtos seriam usados "em lavouras brasileiras, à margem de qualquer controle de qualidade, e lesivos ao ambiente e à saúde humana".
A maior carga foi apreendida em Tacuru (MS), com 3,82 toneladas. "Com os princípios ativos Tebuconazole, Imidacloprid e Clorimuron, esses produtos, com nomes de fantasia paraguaios, têm similares brasileiros, a exemplo do Folicur (Bayer), Gaúcho (Bayer) e Classic (DuPont)", relatou a PF.
Márcia Martins, coordenadora da Defesa Sanitária Vegetal de Mato Grosso, disse que o Indea (Instituto de Defesa Agropecuária) do Estado avisa a PF sempre que obtém informações sobre uso de agrotóxicos contrabandeados. Mas, segundo ela, não houve casos registrados neste ano.
Martins disse ainda que os agrotóxicos contrabandeados podem contaminar o lençol freático e os rios, destruir lavouras e causar danos à saúde dos agricultores.

Genéricos
Segundo o Ministério da Agricultura, foram registrados neste ano, como agrotóxicos genéricos, o herbicida Paraquat e o fungicida à base de Carbendazim. A perspectiva é que esses produtos sejam até 30% mais baratos no mercado.

FSP, 29/08/2006, Dinheiro, p. B15

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