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Pesquisas desenvolverao bioproduto no pais

FSP, Cotidiano, p.C7
19 de Ago de 2005

Estudos criarão fármacos a partir de matérias-primas da fauna e da flora para combater doenças como depressão e Alzheimer
Pesquisas desenvolverão bioproduto no país
Fabrício Freire Gomes
Renato Roschel
Sete universidades e um instituto de pesquisa vão receber recursos federais para produzir medicamentos a partir de matérias-primas encontradas na fauna e flora brasileiras (bioprodutos).
Os novos fármacos vão combater doenças como asma, malária, depressão, diabetes, mal de Alzheimer (doença degenerativa do sistema nervoso) e doenças cerebrovasculares (acidentes vasculares cerebrais, os AVCs).
As pesquisas serão financiadas pelos ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia até 2008. Os dois ministérios vão investir R$ 6,9 milhões nos projetos, que foram selecionados entre 21 propostas apresentadas a um comitê formado por especialistas da área.
A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, é quem fará o repasse das verbas para as instituições.
Cada projeto terá uma empresa farmacêutica interessada ou beneficiária dos resultados, que poderá participar do trabalho.
Entre os projetos selecionados está, por exemplo, o do Instituto de Química da Unesp de Araraquara, que já recebeu R$ 1,1 milhão para desenvolver pesquisa para a produção de remédios contra o mal de Alzheimer e doenças cerebrovasculares.
Os recursos vão financiar uma segunda etapa da pesquisa, que começou em 2001. Duas substâncias sintetizadas em laboratórios serão injetadas em animais para verificar a eficácia no combate ao mal de Alzheimer.
Os testes vão comprovar a eficiência, a toxicidade e os efeitos colaterais a longo prazo.
As substâncias foram isoladas a partir da espectina, encontrada nas flores da planta popularmente conhecida como Cássia do Nordeste (Senna spectabilis), típica da mata atlântica e encontrada principalmente entre os Estados do Rio Grande do Sul e São Paulo. As substâncias foram patenteadas, no Brasil e nos EUA, em 2004.
Os primeiros testes mostraram que as substâncias inibem a enzima que destrói a acetilcolina, que é um neurotransmissor fundamental no processo de memória, aprendizagem e coordenação motora. Em organismos saudáveis, a acetilcolina é constantemente produzida.
Segundo um dos três professores responsáveis pela pesquisa, Cláudio Viegas, há quatro produtos comerciais que também atuam com a inibição da enzima, mas com prejuízo maior ao paciente. "A diferença é que os primeiros testes (dos bioprodutos) mostraram o mesmo efeito com uma taxa menor de toxicidade."
A Unicamp vai receber recursos (R$ 510 mil) para financiar um projeto que pretende produzir remédio contra a malária a partir da planta Artemísia L.

FSP, 19/08/2005, p. C7

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