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Pacote ambiental

FSP, Editorial, p.A2
23 de Fev de 2005

Pacote Ambiental
O governo federal anunciou há seis dias uma medida provisória, seis decretos e um projeto de lei para coibir a violência e o desmatamento na Amazônia. As medidas apresentadas vão na direção correta, mas correm o risco de não sair do papel caso a liberação de verbas e a contratação de pessoal esbarrem no gargalo orçamentário e no esfriamento da vontade política, uma vez passados os efeitos mais contundentes do bárbaro assassinato da missionária Dorothy Stang no Pará.Apesar dos alertas e dos diagnósticos do meio acadêmico, das organizações não-governamentais, dos meios de comunicação e do próprio escalão técnico do governo, o imobilismo oficial vinha mantendo uma presença apenas simbólica da polícia, do Incra e do Ibama naquela área, entregue à lei do mais forte.O pacote agora anunciado traz, entre outras medidas, a interdição de 3,8 milhões de hectares na chamada Terra do Meio, entre Altamira e São Félix do Xingu, onde serão criadas duas unidades de conservação florestal. O mesmo vale para outros 8,2 milhões de hectares às margens da rodovia Cuiabá-Santarém. Há ainda o projeto de criação de um órgão para gerir a exploração de madeira, que disciplinaria a atividade e obrigaria os concessionários a reflorestar.Tal programação tem um custo ainda desconhecido, que o governo federal -responsável por 72% das terras paraenses- precisará bancar. É justamente esse o ponto nevrálgico. O gabinete de crise criado com a justificada repercussão internacional do assassinato da irmã Dorothy se esvaziará se não houver o devido respaldo financeiro para a implementação das políticas anunciadas.Sem os meios necessários, a "maioridade ambiental" que o país estaria atingindo, nas palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não terá passado de um chavão retórico. O que dará razão às lideranças oposicionistas que vêm classificando o pacote como mais uma mera operação "pirotécnica".
FSP, 23/02/2005, p.A2

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