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Índios invadem Funasa em Cuiabá e fazem dois reféns

FSP, Brasil, p. A8
27 de Mai de 2008

Índios invadem Funasa em Cuiabá e fazem dois reféns
Etnias irantxe e mynky reclamam de atraso no repasse de verbas para a sua região
Funasa reconhece demora na entrega do dinheiro, mas afirma que ONG demorou a apresentar a prestação de contas do repasse anterior

Rodrigo Vargas
Da agência Folha, em Cuiabá

Cerca de 70 índios das etnias irantxe e mynky invadiram ontem a sede da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), em Cuiabá. O atendimento foi suspenso. Dois funcionários foram impedidos de sair. Até o fechamento desta edição, eram mantidos reféns dentro do prédio.
Os índios reclamam de um atraso de cinco meses no repasse de verbas para a ONG encarregada do atendimento à saúde indígena na região de Brasnorte (MT). "A situação está muito complicada, pois não há mais dinheiro para o atendimento. Já faltam medicamentos e meios de transporte para os doentes. Decidimos agir antes que nossos filhos comecem a morrer por falta de atendimento", disse Gerson Nãpuli, uma das lideranças da etnia irantxe.
Um dos funcionários mantidos na sede é o chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena de Cuiabá, Paulo Félix Almeida. Outro é o assistente técnico Alírio Guimarães. A Folha esteve no local e, sob escolta de índios pintados e armados com bordunas, arcos e flechas, foi autorizada a entrar no prédio.
Almeida reconheceu e justificou a demora no repasse da 16ª parcela do convênio (R$ 887.101,00), iniciado em 2004 com a ONG Opan (Operação Amazônia Nativa). Segundo ele, a entidade demorou a apresentar a prestação de contas referente a um repasse anterior e atrasou o processo: "A parcela em questão teria de sair em janeiro, mas a prestação do repasse anterior foi entregue em janeiro". Outro problema foi a demora do Congresso para aprovar o Orçamento da União.
Até janeiro de 2004, as ações de saúde indígena eram definidas pelas ONGs conveniadas, por meio de repasses de verbas da União. Desde então, por conta de denúncias de desvio de dinheiro, a gestão foi centralizada pela Funasa, que passou a comprar medicamentos.
O diretor da Opan, Fernando Penna, negou a demora na prestação de contas. O que houve, disse, foi que a parcela anterior chegou com atraso: "A parcela que deveria ter chegado em agosto só foi liberada em novembro, e não podemos prestar contas enquanto o recurso não é inteiramente gasto. Este foi o motivo de a prestação ter sido entregue em janeiro".
Em Mato Grosso do Sul, índios terena que exigem uma área de 400 hectares hoje ocupada por fazendeiros fizeram dois funcionários da Funai reféns em uma aldeia de Miranda (MS). Eles já foram soltos.

FSP, 27/05/2008, Brasil, p. A8

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