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Governo faz repasse de urgencia ao Amazonas

FSP, Cotidiano, p.C4
12 de Out de 2005

Governo faz repasse de urgência ao Amazonas
Sílvia Freire
O Ministério da Integração Nacional anunciou ontem à tarde que irá pagar as despesas dos helicópteros e aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) e da movimentação de tropas do Exército usadas para socorrer comunidades atingidas pela seca no Amazonas.
A assessoria do ministério diz que não há estimativa fechada de quanto será gasto. Pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone com o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), para obter informações sobre a situação.
A Secretaria de Comunicação do Amazonas informou que Braga falou sobre a necessidade do auxílio das Forças Armadas no socorro às comunidades afetadas, mas que não havia recursos. Cerca de 167 mil pessoas estão isoladas em 914 comunidades.
O governo não dispõe de helicópteros, e a Aeronáutica não tinha dinheiro para as operações. Segundo a secretaria, o presidente disse que iria tomar providências.
O Ministério da Integração Nacional anunciou o repasse de R$ 5 milhões para o Ministério do Desenvolvimento Social para a compra de 5.000 cestas básicas, que serão entregues para a população atingida pela estiagem. Também serão distribuídos dez kits de medicamentos básicos -cada um com capacidade para atender até 3.000 pessoas-, que serão enviados pelo Ministério da Saúde.
As operações de socorro devem começar ainda hoje, segundo informou o governo do Estado. Serão distribuídos também remédios para combater a desidratação infantil, combustível (usado para a geração de energia elétrica) e água potável.
O diretor de Resposta a Desastres da Secretaria Nacional de Defesa Civil, José Luis D'Ávila, disse ontem que a operação de socorro ainda estava sendo montada a partir de um levantamento de informações sobre as populações atingidas.
Segundo D'Ávila, como a Secretaria da Saúde do Estado estima o número de atingidos em 167 mil pessoas, as equipes deverão enfrentar dificuldades.
"Uma operação dessas no Amazonas é bastante extensa e complicada", disse o diretor.
Calamidade
Todo o Estado do Amazonas está desde anteontem em estado de calamidade pública devido à seca. Com a falta de chuvas, o nível dos rios baixou e diversas comunidades, onde o acesso é possível apenas por barcos, estão isoladas.
O decreto de calamidade pública permite que o governo estadual faça compras sem licitações para atender desastres classificados em níveis três e quatro.
Segundo a Defesa Civil, desastre de nível três é de grande porte, com prejuízos vultosos, mas suportáveis e superáveis pela comunidade. O de nível quatro tem porte muito maior, com vários prejuízos à comunidade, que precisa de apoio de fora para poder superá-los.
A navegabilidade é crítica nas calhas dos rios Madeira, Purus, Juruá, Javari, Iça e Jutaí. Segundo o governo do Estado, é o mais baixo nível dos rios nos últimos 50 anos na região. Até anteontem, o número de encalhes de barcos já havia subido cerca de 25%.
Em cinco municípios -Caapiranga, Manaquiri, Anori, Atalaia do Norte e Humaitá- o acesso só pode feito por helicópteros, pois não há pistas de pouso e o rio que passa por eles secou.
As aulas foram suspensas nas zonas rurais de Caapiranga e Manaquiri. As correspondências não estão sendo entregues em Anori.
Dos 62 municípios do Estado, pelo menos 36 já sofrem com o desabastecimento de comida, medicamentos e combustíveis.
A diminuição do nível dos rios costuma ocorrer anualmente entre setembro e novembro. Neste ano, a seca, no entanto, chegou em agosto. O fenômeno está ligado às queimadas e pode estar associado ao aquecimento da superfície do oceano Atlântico.

FSP, 12/10/2005, p. C4

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