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Governo cria grupo para conter mortes na Amazônia

FSP, Poder, p. A10
31 de Mai de 2011

Governo cria grupo para conter mortes na Amazônia
Comitê interministerial não detalha como irá reduzir conflitos agrários
Entre as ações estão o aumento de policiais federais e mais verbas para as viagens de servidores do Incra

Ana Flor
João Carlos Magalhães
De Brasília

Depois de quatro mortes ligadas ao conflito agrário na Amazônia na última semana, o governo anunciou ontem que um grupo interministerial irá analisar o assunto, mas não detalhou como pretende reduzir o problema.
De concreto, o grupo reunido pelo presidente interino, Michel Temer, definiu apenas a liberação imediata de pouco mais de R$ 500 mil para viagens e diárias de funcionários do Incra das superintendências do Amazonas e de Marabá (PA).
O governo também disse que a Polícia Federal dará proteção imediata aos agricultores da região ameaçados de morte. Mas os ministérios reconheceram que não têm uma lista dos nomes de quem corre risco e que identificá-los pode levar semanas.
A reunião teve a participação dos ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário) e representantes das pastas da Justiça, do Meio Ambiente, do Gabinete de Segurança Institucional e de Direitos Humanos.

REFORÇO
O governo informou, sem explicar exatamente como, que intensificará nas próximas semanas duas operações na região.
Uma é a Arco de Fogo, lançada em fevereiro de 2008 com o objetivo de coibir o desmatamento ilegal na região amazônica.
Outra é a Arco Verde, que dá ajuda socioeconômica às populações de regiões que sofreram desmatamento.
Também foi anunciado que a Força Nacional de Segurança pode ser enviada à área, assim como funcionários do Incra, do Ibama e da Polícia Federal. Mas não foi dito quantas pessoas fariam parte desse reforço.

MORTES
No início da semana passada, em Nova Ipixuna (PA), foram mortos a tiros José Claudio Ribeiro da Silva, 54, e sua mulher, Maria do Espírito Santo da Silva, 53.
Os dois viviam em uma comunidade rural de Nova Ipixuna, o Assentamento Agroextrativista Praialta Piranheira. Eles denunciavam a extração ilegal de madeira dentro do local.
Durante o final de semana, um homem que pode ter testemunhado a entrada dos assassinos do casal também foi encontrado morto.
Dados do Ibama mostram que a simples fiscalização do órgão ambiental federal não é capaz de impedir a destruição da floresta na cidade.
Todas as sete madeireiras em atividade hoje na cidade já foram multadas. Duas das empresas cujos donos são investigados pela morte do casal receberam oito e 16 autuações cada por usar madeira irregular. Mesmo assim, continuaram operando.
Em Rondônia, na sexta-feira, o agricultor Adelino Ramos, líder do MCC (Movimento Camponês Corumbiara), também foi morto a tiros em Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho.

FSP, 31/05/2011, Poder, p. A10

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po3105201114.htm

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