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Diabetes ameaça populações indígenas

O Globo, Ciência e Vida, p. 28
14 de Nov de 2006

Diabetes ameaça populações indígenas
Doença pode levar ao desaparecimento de alguns povos até o fim do século, alertam especialistas

Uma epidemia de obesidade e diabetes ameaça as populações autóctones das Américas, da Ásia, da Austrália e do Pacífico. Até o fim do século, vários povos poderão desaparecer se o avanço da doença não for contido, advertiram ontem especialistas.

- Estamos diante da maior epidemia da história mundial - declarou o diretor do Instituto de Diabetes, o professor Paul Zimmet, na abertura de uma conferência internacional em Melbourne dedicada a debater a enfermidade entre as populações indígenas. - Sem ações urgentes, existe um sério risco do desaparecimento das comunidades indígenas antes do fim deste século.

As populações autóctones estão particularmente expostas ao risco de diabetes do tipo 2 - causada, principalmente, pela obesidade - resultado da rápida mudança nos hábitos de alimentação e de vida introduzidos pelos ocidentais. Esse tipo de diabetes aumenta os riscos de enfermidades renais e cardíacas.

De acordo com o especialista canadense Stewart Harris, em algumas comunidades, até 50% da população estão afetados pelo problema. Com esses percentuais, disse, o diabetes já constitui uma ameaça grave a sua sobrevivência.

- A rápida transição cultural (em uma ou duas gerações), ocorrida em várias populações indígenas para o sedentarismo e para hábitos alimentares ocidentais, levará diabetes a substituir as enfermidades infecciosas como maior ameaça a esses povos - explicou o médico.

O diabetes de tipo 2 já afeta 50% dos adultos da ilha de Nauru (Pacífico Sul), 45% dos sioux e dos índios pimas, nos Estados Unidos, e 30% dos habitantes das ilhas do Estreito de Torres (norte da Austrália), indicou o especialista.

A doença não existia nas ilhas do Pacífico antes da Segunda Guerra Mundial. A conferência de três dias sobre diabetes em populações indígenas deve resultar em uma série de medidas propostas ONU com o objetivo de frear avanço da doença.

Estratégia antiobesidade
Compromisso internacional é anunciado

O primeiro documento internacional em que 53 países se comprometem a combater a obesidade será anunciado no fim deste mês em Istambul, na Turquia.

- É um marco na luta contra a obesidade - afirmou Francesco Branca, conselheiro europeu da Organização Mundial de Saúde (OMS) para nutrição e um dos principais organizadores do documento.

Se a atual situação persistir, 10% das crianças européias serão obesas em 2010 - o dobro da proporção registrada há apenas dez anos.

Ao assinarem o documento, os governos se comprometem a atacar a obesidade infantil estimulando o aumento de exercícios nas escolas, tornando alimentos saudáveis mais disponíveis e regulando os anúncios de junk food.

O Globo, 14/11/2006, Ciência e Vida, p. 28

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