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Agência federal manda SP liberar mais água

FSP, Cotidiano, p. C1
13 de Mai de 2014

Agência federal manda SP liberar mais água
Aneel ameaça multar companhia paulista por não atender pedido do setor elétrico e cogita até punição mais severa
Questionado também por órgão das águas, governo Alckmin diz que prioridade é consumo humano

NATUZA NERY DIMMI AMORA DE BRASÍLIA BRUNO BOGHOSSIAN DO PAINEL

Técnicos da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) avaliam como inevitável uma punição à companhia energética de São Paulo, a Cesp, após a decisão do governo paulista de limitar a quantidade de água destinada à produção de energia sob a justificativa de priorizar abastecimento humano.
Nesta terça-feira (12), a agência notificou oficialmente a companhia, ligada ao governo Geraldo Alckmin (PSDB), para que ela aumente a quantidade de água enviada da represa do rio Jaguari, onde ela opera uma usina hidrelétrica, para o rio Paraíba do Sul. Deu 15 dias para ela apresentar sua versão.
Segundo a Folha apurou, representantes da agência avaliaram que apenas uma medida mais drástica evitaria que outras companhias seguissem o exemplo da Cesp, desencadeando um efeito dominó capaz de gerar colapso no sistema elétrico.
A punição pode ser advertência, multa de até 2% do faturamento anual e até a retirada da concessão da usina.
Integrantes do governo Dilma Rousseff (PT) dizem que inclusive uma intervenção não pode ser descartada.
O governo de São Paulo briga para reduzir o volume de água destinado à produção de energia em um momento de crise histórica no abastecimento do Estado.
O ONS (Operador Nacional do Sistema), órgão que regula a operação elétrica no país, determinou que uma das usinas da Cesp aumentasse sua vazão para elevar a produção de energia e melhorar os níveis do rio Paraíba do Sul, que abastece cerca de 50 cidades entre São Paulo e Rio.
A Cesp, no entanto, se recusou a seguir a ordem --e, na prática, tem liberado só um terço do volume de água determinado pelo ONS.
O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, disse que a empresa pode ser punida a qualquer momento, mas a multa só poderá ser aplicada após defesa da Cesp.
JUSTIFICATIVA
Nesta terça, a ANA (Agência Nacional de Águas) afirmou que "não recebeu nenhuma justificativa dos órgãos gestores estaduais de São Paulo para alterar a operação do reservatório Jaguari".
Ela disse que pediu os "estudos técnicos e jurídicos" que embasaram a decisão da Cesp de liberar apenas 10 m³/s, em vez dos 30 m³/s pedidos. E afirmou que a medida adotada pela companhia paulista "não foi precedida de nenhum comunicado formal às instituições ou à sociedade".
Questionadas, a Cesp e a secretaria do governo de São Paulo responsável pela área não se manifestaram.
Nesta semana, Alckmin tem defendido a retenção de água no reservatório do rio Jaguari, na região do Vale do Paraíba, para que seja priorizado o consumo humano.
Esse reservatório na região do Jaguari não atende a Grande São Paulo, cujo abastecimento tem sido ameaçado pela seca no sistema Cantareira.
O governo paulista, porém, quer interligar o reservatório do Jaguari ao Cantareira --ajudando a suprir, no futuro, a falta de água nesse sistema. Um projeto para isso já foi envido ao governo federal.
A resistência do Estado em aumentar agora a vazão na região do Jaguari é considerada inócua pelo governo Dilma por não resolver o problema imediato do Cantareira. A infraestrutura necessária para deslocar água de um local para outro levará cerca de 14 meses para ser concluída.

FSP, 13/08/2014, Cotidiano, p. C1

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/180452-agencia-federal-manda…

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