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29 de Jan de 2025
Trilhas na Serra do Mar são devolvidas ao público depois de 20 anos
Acesso exige contratação de guias cadastrados para visitação do caminho restaurado pelo IPT
Luiza Pastor
29/01/2025
Mais de 20 anos depois de ter sido oficialmente fechada e após seis anos de trabalhos intensos, foi reaberta na segunda-feira (20) ao público o complexo que inclui a trilha da Pedra Lisa, e que liga a vila de Paranapiacaba a Santos. O percurso, que fica dentro do Parque Estadual Serra do Mar, é administrado pela Fundação Florestal e o trabalho de recuperação ficou a cargo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
A trilha, que havia sido fechada depois de alguns acidentes fatais, ganhou uma série de benefícios como degraus, corrimãos, estruturas de contenção para evitar deslizamentos e sinalização do caminho para ajudar os trilheiros em suas jornadas. Segundo Mariana Carneseca, pesquisadora do IPT que acompanhou o processo, "a demanda pela recuperação da trilha vem de 2009, mas até conseguirmos recursos e desenharmos o projeto levou uns anos, então de fato começamos os trabalhos em 2018".
As dificuldades para a revitalização da área não foram poucas. "A área era de muito difícil acesso, muito inclinada e escorregadia, e nós trabalhamos com materiais pesados, que precisavam ser carregados na mão, porque lá não entram máquinas nem veículos", lembra Mariana. "Muitas vezes precisamos ficar esperando uma brecha entre chuva e neblina, e esperar o chão secar para podermos entrar com as estruturas", acrescenta.
Mariana ressalta que a trilha não está dentro da área concedida, que é o Parque Caminhos do Mar. O acesso é feito exclusivamente pelo Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba, e vai até a Vila Quilombo, já em Santos. A visitação só pode ser feita com o acompanhamento de um guia credenciado pela Prefeitura de Santo André ou pela Fundação Florestal em dias e horários previamente agendados pelo itutingapiloes.ingressosparquespaulistas.com.br, de terça-feira a domingo, das 8h30 às 16h, e só são autorizados 100 visitantes por dia.
A revitalização da trilha da Pedra Lisa, que Mariana aponta ser anterior à própria Calçada do Lorena, que fica no Caminhos do Mar e foi construída no final do século 18, exigiu investimentos de cerca de R$ 1,9 milhão e sua recuperação teve que ser paralisada várias vezes quando se encontravam vestígios de interesse arqueológico. "Só depois da investigação arqueológica, com mais de dez arqueólogos trabalhando conosco, pudemos decidir o que é como revitalizar", explica ela.
"A gente colocou como se fossem esteiras sobre palafitas para que as pessoas passem sobre cursos d'água sem impacto nos rios locais, nos peixes e na fauna, pusemos guarda-corpos e decks para deixar mais confortável a travessia, e em tudo buscamos o menor impacto ao ambiente e a maior segurança para todos", diz ela.
Vale lembrar que, na verdade, a Pedra Lisa é a cereja do bolo e é considerada de dificuldade elevada, mas há outras duas trilhas que foram recuperadas na área, a da Cachoeira Escondida (dificuldade média) e a do Mirante, de dificuldade baixa. As três rotas somam um total de 6 quilômetros lineares -uma distância que pode parecer coisa simples, mas que em meio à úmida e escorregadia mata da Serra do Mar e ao calçamento pé-de-moleque dos caminhos demanda mais cuidado do que a mesma distância, digamos, passeando pelas ruas de São Paulo (por mais esburacadas que estejam).
Questionada sobre a possível abertura da trilha que leva à Funicular, cujo acesso é proibido por risco grave de acidentes, mas que acaba sendo invadida por curiosos que frequentemente viram estatísticas do resgate dos bombeiros, Mariana adianta que esse é um complexo de trilhas que ficou para um segundo momento. "É outra escarpa, outro vale, do outro lado de Paranapiacaba, e a Prefeitura de Santo André tem interesse também em investir em sua recuperação pensando na segurança", adianta.
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